PB – Marina Dias fala sobre o desaparecimento do seu irmão, o líder camponês Nego Fuga

Marina camponesaSem medo de falar sobre o passado, Marina Dias, irmã do líder camponês João Alfredo Dias (Nego Fuba), contou sobre o desaparecimento dele no XV Regimento de Infantaria, em Cruz das Armas, na capital paraibana. “O Major Cordeiro era o responsável pela guarda do meu irmão naquele quartel do Exército. Só ele poderá dizer o que aconteceu com o desaparecimento de Nego Fuba e Pedro Fazendeiro”, disse Marina.

O depoimento de Marina Dias ocorreu na sede da Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da Memória do Estado na Paraíba, perante os membros dos Grupos de Trabalho “Repressão do Estado e de Milícias Privadas aos Camponeses” , “Ditadura e Gênero”, e “Mortos e Desaparecidos Políticos”, que têm como relatores Iranice Muniz, Irene Marinheiro, Waldir Porfírio e Eduardo Fernandes.

“Meu irmão era um homem bom e cuidava de mim. Nas visitas que fiz a ele quando estava preso, notei que estava com o rosto gordo. Aí ele me disse que estava comendo muito. Depois me disseram que ele estava recebendo muitos murros na região do fígado, sento torturado”, comentou Marina.

Depois do desaparecimento de Nego Fuba, Marina falou que foi muito humilhada nas ruas de Sapé. Para piorar a situação, seu marido faleceu e ela começou a passar necessidade. Então, decidiu vender todos os móveis da casa e foi para o Rio de Janeiro trabalhar como doméstica até depois da anistia política.

Para Iranice Muniz, o depoimento de Marina foi enriquecedor com detalhes sobre a infância de Nego Fuba e o desparecimento dele do XV Regimento de Infantaria. Já Irene Marinheiro considerou preconceituosa a forma como a sociedade tratou Marina após a prisão e desaparecimento do seu irmão. E o professor Eduardo Fernandes disse que pesa contra o Major Cordeiro a responsabilidade de revelar como foi que Nego Fuba e Pedro Fazendeiro foram liberados, à noite, para nunca mais aparecer.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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