Site abre arquivos digitalizados da ditadura e revela certidão de óbito de Marighella

A certidão de óbito do guerrilheiro Carlos Marighella é um dos documentos digitalizados para o site

UOLO projeto Brasil: Nunca Mais lançou nesta sexta-feira (9) um site com mais de 900 mil páginas digitalizadas de 710 processos envolvendo a repressão praticada durante a ditadura militar no país (1964 a 1985). Entre os documentos estão a certidão de óbito do guerrilheiro Carlos Marighella, morto por policiais do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) em 1969, e páginas do processo movido contra Dilma Rousseff por sua militância em organizações clandestinas entre na década de 1970.

A interface do site permite a procura nos processos por nome, Estado ou organização política. Antes de exibir os resultados da pesquisa, uma janela alerta o internauta: “Parcela expressiva dos depoimentos de presos políticos foram obtidos com uso de tortura e outros meios ilícitos.”

Documentos do Deops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social) de São Paulo, órgão subordinado ao Dops (Departamento de Ordem Política Social), principal órgão de inteligência e repressão durante a ditadura militar, divulgados em 1º de abril, mostram que regimes autoritários ficharam figuras públicas como o ex-jogador Pelé, o cantor Roberto Carlos, os apresentadores Silvio Santos e Hebe Camargo e o escritor Monteiro Lobato. As fichas e prontuários podem ser consultadas no site “Memória Política e Resistência”, vinculado ao Arquivo do Estado.

Dilma, que militou nos grupos Colina (Comando de Libertação Nacional) e a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares) – rotulados pela ditadura como “organizações terroristas” durante os anos de chumbo -, é citada em 36 páginas dos processos. Ela ficou presa por quase três anos entre 1970 e 1972.

Já a certidão de óbito de Marighella – baleado na alameda Casa Branca, região central de São paulé assinada pelo legista Harry Shibata, que foi alvo de protestos em 2012 acusado por grupos de defesa dos direitos humanos de ocultar em seus laudos as mortes provocadas sob tortura.

O Brasil Nunca Mais foi desenvolvido pelo Conselho Mundial de Igrejas e pela Arquidiocese de São Paulo nos anos 80, sob a coordenação do Reverendo Jaime Wright e de dom Paulo Evaristo Arns, para “evitar que os processos judiciais por crimes políticos fossem destruídos com o fim da ditadura militar, obter informações sobre torturas praticadas pela repressão política e que sua divulgação cumprisse um papel educativo junto à sociedade brasileira.”

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