Comandante da PM do Rio, que anunciou a anistia pelo ‘empenho’ de seus comandados, é exonerado do cargo

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Por Paolla Serra, no Extra

Após uma conversa de mais de duas horas, o secretário de Segurança do estado do Rio, José Mariano Beltrame, decidiu exonerar do cargo o comandante da Polícia Militar do Rio de Janeiro, coronel Erir Ribeiro Costa Filho. O secretário informou que está avaliando o nome do sucessor de Erir.

– Mudanças fazem parte do processo de gestão e devem ser vistas com naturalidade – disse o secretário, por nota.

Ele destacou o empenho da Erir da Costa da Filho ao longo de 1 ano e dez meses à frente da PM.

– Quero destacar o trabalho e a integridade do comandante Costa Filho, além de seu amor à corporação que comandou – afirmou o secretário no mesmo texto.

‘Não tenho tempo para intrigas’

Mais cedo, na tarde desta segunda-feira, Erir havia desconversado sobre uma possível saída do cargo. Ele chegou a afirmar que não tinha “tempo para intrigas”.

– Estou trabalhando. Eu tenho que trabalhar para uma sociedade de 16 milhões de habitantes. Quem faz fofoca é porque não está trabalhando. Eu não tenho tempo para intrigas – respondeu ao EXTRA, ao ser questionado sobre a exoneração.

A saída do comandante começou a se desenhar após várias polêmicas recentes, incluindo a atuação da PM durante os protestos no Rio de Janeiro. A última querela se deu depois da revogação de punições de “menor potencial ofensivo” a policiais, no fim da semana passada, revelada pela Berenice Seara, do EXTRA. Beltrame disse que a decisão “o pegou de surpresa” e que estuda a revogação do decreto. Nesta segunda, foi anunciado que essa decisão caberá ao novo comandante, ainda não escolhido.

Sobre este caso, o agora ex-comandante Erir afirmou que a anistia é apenas para punições administrativas e que “não afetam a sociedade”. Ele negou ainda que tenha assinado o decreto por questões políticas, como uma candidatura a deputado nas próximas eleições.

– É a segunda vez que falam que vou ser deputado. Não vou ser deputado. Sou policial militar – garantiu.

Polêmicas no Twitter

Recentemente, até mesmo a gestão do perfil da PMERJ no Twitter virou alvo de críticas. Depois de um protesto, a conta oficial da corporação acusou a OAB-RJ de atrapalhar a polícia, postou foto dos comunicadores do grupo Mídia Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação), acusando-os de incitar a violência, e ainda se rasgou em autoelogios. Uma semana antes, o perfil já havia entrado em debate com o deputado estadual Marcelo Freixo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, e com advogados da OAB-RJ. O secretário José Mariano Beltrame se manifestou:

— No momento em que administramos uma situação tão complexa, o importante é manter o foco. Algo fora disso passa a ser desnecessário — criticou, sem citar especificamente nenhum dos posts da PM.

Ao EXTRA, a Polícia Militar afirmou apenas que a “gestão” dos 140 caracteres cabia ao então comandante, o coronel Erir Ribeiro Costa Filho.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Vanessa Rodrigues.

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