População de Bonitos de Minas e Cocos protestam contra construção de barragens no Rio Carinhanha

 Por Cimi Regional Leste – Equipe Xakriabá

Audiência em Bonito de Minas (MG)

População de Bonito de Minas, no norte de Minas Gerais, manifestou a insatisfação com o projeto das construções das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) do Caiçara e Gavião no Rio Carinhanha, em audiência pública realizada em 18 de junho. A população alega que o projeto apresentado pelo Ibama mudaria todo o modo de vida tradicional da região.

O tema principal da discussão foi o impacto ambiental que seria causado com a destruição da mata conservada, afetando a rica biodiversidade. Durante a apresentação do técnico do Ibama, ficou clara a fragilidade dos resultados do Relatório de Impactos Ambientais (Rima), que certamente não consta todos os impactos causados pela construção das PCHs.

Em protesto, o povo defende a proteção do rio Cariranhas, que está relacionado aos seus costumes, cultura e histórias. Além disso, as ricas fauna e flora do cerrado da região ficarão submersas pelas barragens.

Entre as entidades e pastorais que apoiaram o movimento, estava a Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Minas e da Bahia, a Articulação Popular da Bacia do São Francisco (BA), o Instituto Rosa Sertão, o Instituto Biotrópicos, o Movimento de Atingidos por Barragens(MAB), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Sindicato dos trabalhadores de Cocos (BA), comunidades rurais de Cocos (BA), e Paróquia São Sebastião de Cocos (BA).

Audiência em Cocos (BA)

Em Cocos, Bahia, também houve manifestação da população contra as PCHs do Gavião e Caiçara, na audiência pública em 20 de junho. Os moradores impediram a realização da audiência.

Segundo as entidades e pastorais que apoiavam a manifestação, as famílias sem energia elétrica não seriam beneficiadas pela construção da barragem, gerando conflitos e violando direitos humanos. Conforme o relatório apresentado pelo Ibama, a energia produzida será enviada diretamente a uma rede de alta tensão e distribuída no sistema nacional administrado pela Cemig, a companhia energética de Minas Gerais.

Os técnicos do IBAMA “preferiram” não comparecer ao local da realização da audiência, em que a população protestava com vais e palavras de ordem contra o projeto das PCHs. Contestando o fato de o projeto ter chegado à fase de licenciamento ambiental sem haver consultado ou esclarecido a população sobre o projeto, a manifestação impediu que se realizasse a audiência. Dentre outras questões, os povos de Cocos queriam saber sobre a realocação das pessoas para a alagação de suas terras.

O IBAMA informou que irá avaliar a decisão de validar a audiência para decidir se será realizada ou não uma nova reunião em Cocos.

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