A inclusão social e racial no centro dos debates

Ministra foi palestrante no Fórum Permanente Ensino Superior – Inclusão e Diversidade: Políticas atuais e desafios para o futuro
Ministra foi palestrante no Fórum Permanente Ensino Superior – Inclusão e Diversidade: Políticas atuais e desafios para o futuro

Palestrante no evento, ministra Luiza Bairros (Igualdade Racial), afirmou que ainda que o tema do racismo tenha entrado na agenda nacional, existe uma enorme resistência por parte de setores da sociedade em admitir que o fenômeno pode causar efeitos na vida das pessoas

SEPPIR – A despeito dos avanços registrados em anos recentes, ainda existe na sociedade brasileira uma dificuldade em reconhecer o racismo como um elemento estruturante das hierarquias sociais. A afirmação foi feita na última sexta-feira (28) pela ministra Luiza Bairros, titular da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), durante a abertura dos Fóruns Permanentes Ensino Superior – Inclusão e Diversidade: Políticas atuais e desafios para o futuro. O evento, realizado pela Coordenadoria Geral da Unicamp (CGU), contou com a organização do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH).

De acordo com Luiza Bairros, ainda que o tema do racismo tenha entrado na agenda nacional, existe uma enorme resistência por parte de setores da sociedade em admitir que o fenômeno pode causar efeitos na vida das pessoas. “Vale destacar que esses efeitos podem ser positivos e negativos. Historicamente, eles têm proporcionado vantagens para a parcela branca e desvantagens para a parcela negra da população”, afirmou.

Conforme a ministra, os avanços conquistados pelos negros não foram suficientes para reduzir as desigualdades raciais que ainda afetam muitos brasileiros. “Embora os negros constituam mais da metade da população do país, eles não estão representados nessa mesma proporção nas universidades, nos cargos de comando das empresas e nas estruturas de poder. Entendo que esse tipo de desigualdade tem que ser enfrentado com políticas eficazes de ação afirmativa, sem as quais não conseguiremos reduzir as resistências”, considerou.

Representando o reitor José Tadeu Jorge no evento, o pró-reitor de Graduação da Unicamp, professor Luís Alberto Magna, disse que o tema tratado no Fórum é de alta relevância. Segundo ele, a Universidade tem trabalhado a questão das ações afirmativas desde 2003. “Em 2004, a instituição criou o Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (PAAIS), que provocou uma ampliação significativa, nos cursos de graduação, no número de alunos egressos dos extratos menos favorecidos da população, bem como daqueles autodeclarados pretos, pardos e indígenas”.

Um aspecto importante relacionado ao PAAIS, segundo o pró-reitor, é que os beneficiários do programa têm apresentado um desempenho que nada deixa a dever ao alcançado pelos estudantes que ingressaram na Universidade sem contar com pontos de bonificação. “Vale destacar que a Unicamp não tem se preocupado somente em garantir o acesso desses estudantes aos seus cursos. A instituição também tem feito esforços para mantê-los, e para isso tem oferecido uma série de bolsas de caráter social. Atualmente, a Universidade investe cerca de R$ 17 milhões ao ano nesses auxílios”, informou.

De acordo com a professora Lucilene Reginaldo, uma das organizadoras do Fórum, o objetivo do evento foi promover uma reflexão mais aprofundada sobre as práticas acumuladas ao longo dos últimos anos, de modo a contribuir para formular novas propostas de inclusão social e racial, notadamente nas universidades estaduais paulistas.

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