Informativo da Aty Guasu via Resistência do Povo Terena contra Genocídio: Manifestação pacífica dos Guarani-Kaiowá recomeça a partir do 4 de julho de 2013

Aty Justiça e PazPor Aty Guasu

Nós lideranças Guarani-Kaiowá, mais de duas décadas constatamos, ouvimos e sentimos a humilhação, o constrangimento e a dor permanente das violências praticadas pelos fazendeiros contra nossas comunidades e lideranças da Aty Guasu Guarani-Kaiowá. De fato, milhares Guarani-Kaiowá desesperados choram a dor permanente da memória da expulsão de seus territórios tekoha, dos assassinatos e da crueldade praticada pelos fazendeiros do Cone Sul de Mato Grosso do Sul. Casos de: prisões ilegais das lideranças por lutar pela demarcação de terra; demora na demarcação de terras indígenas, práticas de racismo, discriminação e preconceito via pôster público; ameaça de atropelamentos; tentativas de assassinatos; mortes nos acampamentos à beira das rodovias por atropelamento; ameaças verbais; impedimentos de ir e vir com cercas ilegais; tiros com armas de grosso calibre aterrorizando nossas crianças e mulheres; familiares desaparecidos em ataques; envenenamentos dos córregos, rios e de pessoas e assassinatos contínua de nossas lideranças cujos assassinos andam livre e continuam praticando violências contra indígenas a luz do dia e seguem impunes pela justiça brasileira.

Importa destacar que esse genocídio e o etnocídio silencioso dos indígenas de Mato Grosso do Sul em curso permitido pelo governo e justiça do Brasil que há décadas massacra nossas vidas e irriga ou banha nossas terras tradicionais com o nosso sangue indígena. Frente ao processo de genocídio histórico em pauta, nós lideranças Guarani-Kaiowá decididos, vimos comunicar a todas as autoridades brasileiras, sociedades nacionais e internacionais que a partir do dia 4 de julho de 2013 recomeça a nossa manifestação pacífica pública pela demarcação de nossas terras tradicionais, manifestação pacífica pelo julgamento dos fazendeiros assassinos e prisão aos pistoleiros e fazendeiros assassinos foragidos pela justiça federal.

(1ª) – Nossa manifestação pacífica Guarani-Kaiowá pela JUSTIÇA E DEMARCAÇÃO E DEVOLUÇÃO DE TERRAS TRADICIONAIS ocorrerá entre os dias 03 e 04 de julho de 2013, no tekoha Pyelito Kue/Mbarakay-Iguatemi-MS, esta manifestação pacífica é para cumprimento da ordem da Justiça Federal da 3ª Região em São Paulo (TRF3/SP), abertura de estrada e acesso às comunidades isoladas em Pyelito Kue/Mbarakay.

Nos dias 05 e 06, no tekoha Ñanderu Laranjeira- município de Rio Brilhante-MS, abrangendo o tekoha Itay e Guyra Kambiy-município de Douradina-MS. Esta manifestação pacífica é para relembrar e prestar homenagem à luta do líder da Aty Guasu José Barbosa Almeida (Zezinho) que morreu atropelado em julho de 2012.

(2ª) – Nossa manifestação pacífica Guarani-Kaiowá pela JUSTIÇA E DEMARCAÇÃO E DEVOLUÇÃO DE TERRAS TRADICIONAIS ocorrerá entre os dias 20 e 28 de julho de 2013 nas aldeias indígenas da região Grande Dourados-MS.
Convidamos a todos (as) movimentos sociais brasileiros para participar da nossa manifestação pacífica Guarani-Kaiowá contra genocídio e etnocídio, sobretudo o ato é pela investigação e punição aos fazendeiros assassinos.
Segue os nomes das lideranças Guarani-Kaiowá que foram assassinadas pelos pistoleiros das fazendas do Cone Sul de Mato Grosso do Sul.

30 anos do assassinato de líder Marçal de Souza – Tupã’i – crime prescreveu; assassinos estão soltos. Marçal Tupã’i foi assassinado pelos pistoleiros das fazendas no tekoha Ñanderu Marangatu-Antonio João-MS. Terra Indígena já foi homologada pelo presidente da República do Brasil em 2005, mas os indígenas não usufruem e reocupam o tekoha, enquanto os fazendeiros continuam explorando a terra indígena homologada.

8 anos do assassinato de líder Dorvalino Rocha no tekoha Ñanderu Marangatu-Antonio João-MS– assassinos sem julgamento. Líder Dorvalino Rocha foi assassinado pela equipe da segurança particular contratada pelos fazendeiros, no dia 26 de dezembro de 2005.

13 anos do assassinato de Samuel Martins – assassinos sem julgamento. Líder Samuel Martins foi assassinado durante a retomada de tekoha Ka’a Jari, no município de Amambai-MS.

10 anos do assassinato de Marcos Veron no tekoha Takuara-município de Juti – mandante sem julgamento e assassinos se encontram foragidos da justiça.

8 anos do assassinato de líder Dorival Benites no tekoha Sombrerito-no município de Sete Queda-MS – assassinos sem julgamento.

6 anos do assassinato de anciã Churite Lopes (com 73 anos de idade) no tekoha Kurusu Amba, em janeiro de 2007 – assassinos sem julgamento. Pistoleiros assassinos de rezadora Churite foram contratados pelos fazendeiros do município de Coronel Sapucaia-MS apoiados pelo Sindicato Rural de Amambai-MS.

4 anos do assassinato de Rolindo Vera e Genivaldo Vera no tekoha Ypo’i –Paranhos-MS – assassinos sem julgamento.

2 anos do assassinato de Teodoro Ricardi no tekoha Ypo’i-Paranhos-MS – assassinos sem julgamento.

1 ano e 8 meses do assassinato de cacique Nizio Gomes no tekoha Guaiviry-Aral Moreira-MS entre Ponta Porã e Amambai – assassinos sem julgamento. Quatros (04) fazendeiros e (01) advogado estão foragidos da justiça.

1 anos do atropelamento de José Barbosa – Zezinho em frente do tekoha Ñanderu Laranjeira-Rio Brilhante-MS – morte sem esclarecimento.

11 meses do assassinado e desaparecimento de corpo de Eduardo Pires no Tekoha Arroio Kora-Paranhos – buscas nunca foram feitas. Tekoha Arroio Kora já foi homologado pelo Presidente da República do Brasil, mas os indígenas não reocupam e nem usufruem tekoha.

4 meses do assassinato do Denilson Barbosa, de 15 anos de idade, no tekoha Pindo Roky-Caarapo-MS- fazendeiro assassino confessou o crime, mas não foi preso pela polícia civil.

3 meses do atropelamento criminoso da criança guarani-Kaiowá Gabriel de 4 anos de idade, o menino Gabriel foi atropelado em frente de sua barraca na margem da rodovia que liga Pontã Porã-MS a Dourados-MS, sem esclarecimento.

20 dias de assassinato de Guarani-Kaiowá Celso Figueiredo do tekoha Paraguasu-Paranhos, ele foi assassinado pelo pistoleiro da fazenda California-Paranhos-MS, no dia 12 de junho de 2013. Assassino é preso em fragrante, mas em seguida foi solto e libertado pela polícia civil a pedido do sindicado dos fazendeiros.

30 dias assassinato de Oziel Gabriel Terena na Terra Indígena Buriti pela polícia, durante a execução da ordem de despejo decretada pela justiça federal. Já uma ordem de despejo em curso que qualquer momento, os Terenas de Tuanay-Ipeguê podem sofrer mais violências pela justiça.

Diante desse genocídio e as violências contínuas contras as vidas dos indígenas do Mato Grosso do Sul, as listas do assassinato dos indígenas não podem mais crescer, por isso, Nós lideranças da Aty Guasu Guarani-Kaiowá recomeçamos a nossa manifestação pacífica indígena contra genocídio, solicitando as punições aos fazendeiros assassinos.

ONDE TEM JUSTIÇA, NÃO TEM GENOCÍDIO.
ONDE TEM JUSTIÇA, NÃO TEM IMPUNIDADE
ONDE TEM JUSTIÇA, TEM DEMARCAÇÃO DE TERRA INDÍGENA.
ONDE TEM JUSTIÇA, NÃO TEM DESPEJO E ASSASSINATO INDÍGENA

Atenciosamente,

Tekoha Guasu Guarani-Kaiowá, 02 de julho de 2013
Lideranças da Aty Guasu Guarani-Kaiowá contra GENOCÍDIO

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