Tropa de choque joga bomba e atira em direção a hospital que atende manifestantes no Rio

Carro da emissora de TV SBT foi incendiado durante protesto no centro do Rio de Janeiro

Julia Affonso
Do UOL, no Rio*

Homens da tropa de choque da Polícia Militar atiraram balas de borracha e jogaram uma bomba de gás lacrimogêneo contra o Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro do Rio de Janeiro, onde são socorridos pelo menos 62 feridos em confronto com PMs durante protesto contra os altos preços das passagens de ônibus na noite desta quinta-feira (20).

Os policiais chegaram a tentar entrar na unidade de saúde, uma das principais da cidade, para deter manifestantes que se refugiaram no local, mas foram impedidos pelos próprios ativistas. “Está um desespero trabalhar aqui dentro hoje”, disse uma médica que preferiu não se identificar.

Dentro do hospital, pacientes e manifestantes chamavam os policiais de “covardes”, aos gritos. Mesmo após a saída dos policiais do local, o cheiro do gás lacrimogêneo era sentido fortemente no interior do Souza Aguiar.

A atendente Daniela Souza Araújo, 23, foi atingida por uma bala de borracha no rosto e sofreu uma queimadura na barriga decorrente da explosão de uma bomba de gás lacrimogêneo na avenida Presidente Vargas. A irmã dela, a estudante Gabriela, 16, estava com a jovem. Foi a primeira participação de ambas em um protesto, e também a última, segundo Gabriela. “Só apoio agora pela internet. A gente estava na avenida Presidente Vargas quando a confusão começou. O Choque subiu em uma passarela perto de onde a gente estava e atirou para baixo”, contou. “Era muito fumaça. A gente se abraçou e ficou no meio da pista. De repente, ela foi atingida.”. Daniela passou por uma cirurgia no rosto e, segundos os médicos, deve passar a noite no hospital.

Procurada pela reportagem do UOL, a Polícia Militar afirmou que ainda não havia recebido informações sobre o ocorrido e que apuraria os fatos.

Confronto

Após a chegada de cerca de 300 mil pessoas ao prédio da prefeitura do Rio de Janeiro, alguns manifestantes que se aproximaram demais da cavalaria da Polícia Militar entraram em confronto com os PMs às 19h. Bombas de efeito moral foram lançadas pelos policiais e houve muita correria no local. Manifestantes jogaram pedras nos policiais e colocaram fogo em sacos de lixo. Segundo a Secretaria Municipal do Rio, 40 pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas ao Hospital Souza Aguiar, ao menos seis atingidas por balas de borracha.

O auxiliar de marceneiro Cléber Tavares, 23, disse que foi atingido na confusão. “Jogaram uma pedra ou um pedaço de madeira que atingiu minha cabeça. Fiquei tonto”, contou ele que foi atendido por um grupo de voluntários.

Um carro da equipe de reportagem do “SBT” no Rio de Janeiro foi totalmente incendiado na Praça Onze. A emissora informou, ao vivo, que nenhum funcionário ficou ferido no incidente. Um jornalista da “Globonews” foi ferido na cabeça por uma bala de borracha.

Imagens da prefeitura

As câmeras da prefeitura, que transmitem imagens da cidade 24 horas por meio do site do Centro de Operações, substituíram imagens da avenida Presidente Vargas e do prédio da prefeitura, para onde se dirigiram os manifestantes, foram substituídas por cenas do trânsito em outras partes da cidade, como a Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, na zona oeste.

Na página Operação Pare o Aumento! Passe Livre Já! Internautas reclamam da falta de imagens. Segundo a assessoria do Centro de Operações, o desvio se deve a um problema técnico e estão sendo colocados prints das câmeras na página do CEOP no Facebook.

Por volta das 19h, quando os cerca de 300 mil manifestantes chegaram ao prédio da prefeitura do Rio de Janeiro, algumas pessoas se aproximaram demais da cavalaria da Polícia Militar e entraram em confronto com os PMs. Bombas de efeito moral foram lançadas pelos policiais e houve muita correria no local. Manifestantes jogaram pedras nos policiais e colocaram fogo em sacos de lixo.

Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.

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