MS – Ruralistas “pedem demarcações de terras indígenas feitas exclusivamente pela União”. E a PEC 215, uai? Tá mais fácil no Executivo?

A motosserra de ouro seguiu Katia Abreu até Cancún em 2010. Foto: Ivan Castaneira/Greenpeace.
A motosserra de ouro seguiu Katia Abreu até Cancún em 2010. Foto: Ivan Castaneira/Greenpeace.

[Kátia Abreu] pede que o dia de hoje seja um marco e que alguma coisa seja feita, já que 66 fazendas estão invadidas e, com isso, o Estado estaria usurpando o direito dos pecuaristas.

Por Evelin Araujo e Graziela Rezende, em Midiamax 

Centenas de proprietários rurais de todo o Brasil que protestam nesta sexta-feira (14) em Nova Alvorada do Sul, distante 120 quilômetros de Campo Grande, pedem que a demarcação de terras indígenas seja feita exclusivamente pela União, sem interferência dos índios ou da Funai no movimento chamado de Parada Rural.

Eles estão parados em cima da rotatória da BR-163 e BR-267, sentido Bataguassu e Dourados, em frente ao Sindicato Rural Hélio de Souza Araújo. O presidente da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Eduardo Riedel e a presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Kátia Abreu estão no evento.

Para o presidente do MNP (Movimento Nacional dos Produtores), Oliveira Nantes Coelho, o manifesto serve como conscientização pública. “É uma catástrofe o que vai acontecer no meio rural. Vamos exigir que a Kátia Abreu faça valer os títulos agrários dos produtores”.

Ele reclama que os produtores não conseguiram nenhuma reintegração de posse na Justiça Federal. “Isso significa que vivemos em um país sem lei e a Constituição não é respeitada. Os índios já receberam o que tinham que receber em 1988. Nesse país quem é respeitado é sem-terra”, ironizou.

O vice-presidente do Sindicato Rural de Angélica, Antônio Moraes dos Santos Júnior, diz que suas áreas não foram invadidas, mas que compareceu ao evento para apoiar quem produz. “Minha propriedade de dois mil hectares há trinta anos produz soja e cana. É um absurdo o Estado de Direito ser pisoteado desta forma. As invasões encarecem os produtos, o que afeta todo o país. É um passo antidemocrático”.

Os proprietários assistem a um vídeo em sessão plenária de Kátia Abreu, que além de presidente da CNA é senadora pelo Tocantins. Ela pede que o dia de hoje seja um marco e que alguma coisa seja feita, já que 66 fazendas estão invadidas e, com isso, o Estado estaria usurpando o direito dos pecuaristas.

O senador Moka alega que no Estado não há grilagem de terras. “Os donos de hoje herdaram terras dos avós, são no mínimo proprietários em três gerações e isso não pode ser ignorado. Eu lamento a morte de um índio e o ferimento de outro, mas um produtor rural foi esfaqueado e ninguém noticiou. Os índios perderam a razão quando invadiram a terra dos capatazes, que trabalham há mais de vinte anos para montar os móveis de casa”, disse.

O conflito fundiário em Mato Grosso do Sul ficou evidente nacionalmente quando índios fizeram a retomara de terras na área da Fazenda Buriti, em Sidrolândia. Propriedade do ex-deputado Ricardo Bacha, a Justiça concedeu a reintegração de posse e a Polícia Federal e Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais (Cigcoe, da Polícia Militar) cumpriram a ordem judicial, expulsando os índios das terras. No confronto, morreu o terena Oziel Gabriel, de 35 anos.

A área é reconhecida desde 2011 como indígena em relatório aprovado pela Funai. Desde então, fazendeiros pedem que o reconhecimento seja anulado, o que acabou acontecendo no ano passado. Os lados aguardam indenizações da União e demarcação de terras.

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