Para entidades, Dilma cede a ruralistas por interesse político

Em nota oficial, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) responsabilizou a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pela ação da Polícia Federal na madrugada de ontem, em Sidrolândia (MS). A acusação baseia-se no fato de que a força federal só age com o consentimento de Brasília

Roldão Arruda – O Estado de S.Paulo

O Cimi também levou em conta outras ações já registradas no governo Dilma. Para a organização, que é vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), está em curso no país “uma estratégia mais ampla do governo federal para viabilizar demandas de ruralistas e de latifundiários do agronegócio”.

Essa acusação, de que o governo cede espaços maiores à bancada ruralista, em detrimento dos indígenas, para garantir a base de sustentação do governo no Congresso, vem ganhando espaço. Na quarta-feira, um dia antes do conflito em Mato Grosso do Sul, a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) divulgou nota oficial na qual também afirma que o governo atrasa os processos de demarcação de terras indígenas para atender aos interesses dos ruralistas.

A associação encerra a nota exigindo respeito à Constituição de 1988, que abordou de maneira clara a questão indígena.

No mesmo dia, no Rio Grande do Sul, o Conselho de Articulação do Povo Guarani acusou Dilma de manter “uma relação promíscua com ruralistas”. Essa relação, dizem os indígenas, atrasa a demarcação de suas terras.

Essas duas manifestações foram precedidas por um manifesto coletivo, assinado por uma centena de antropólogos, batendo na mesma tecla. O texto diz que o governo desfigura os processos de regularização das terras para atender interesses econômicos.

O conflito nessa área é grande e tende a se agravar. As populações indígenas representam 0,4% da população e ocupam quase 13% do território nacional. A quase totalidade de suas terras está localizada na Amazônia, em áreas de florestas. Os conflitos ocorrem nas Regiões Sul e Centro-Oeste, onde a valorização das terras provoca maior resistência dos ruralistas e dificulta a demarcação de terras.

Compartilhada por Deborah Guarani Kaiowá Munduruku.

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