Filho de Vladimir Herzog desafia José Maria Marin a uma “conversa pública” sobre morte do jornalista em 1976

Terra – Ivo Herzog desafiou o presidente da CBF, José Maria Marin, para uma conversa sobre a acusação que faz ao dirigente de ter colaborado com a prisão que resultou na morte do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do DOI-Codi,  em 1975, durante a ditadura militar.  Na época, Vladimir era diretor da TV Cultura e Marin, deputado estadual. “Se ele quiser conversar publicamente, eu tenho cinco perguntas para fazer”, disse Ivo, filho de Hersog e diretor do Instituto que leva o nome do pai.

Na próxima segunda-feira, Ivo Herzog e o deputado federal e ex-jogador Romário pretendem entregar na sede da CBF uma petição que pede a saída de Marin da presidência da CBF. O documento tem o nome “Fora Marin” e já soma mais de 55 mil assinaturas. Cópias serão enviadas às Federações de Futebol dos estados do Brasil.

Ivo acusa Marin de ter apoiado, em plenário, um discurso do deputado Wadih Helou pedindo que as autoridades (militares) investigassem o comando da TV Cultura, especialmente no Departamento de Jornalismo. Em defesa publicada na “homepage” da CBF por quatro dias consecutivos, o dirigente nega que o apoio ao discurso significasse um pedido para que Vladimir Herzog fosse preso.

Vladimir Herzog, então diretor de jornalismo da TV Cultura , foi convocado a depor na  rua Tomás Carvalhal, no Paraíso, para responder à perguntas sobre acusações de que haveria forte influência comunista na TV Cultura, conforme o discurso de Helou e o aparte de Marin. O presidente da CBF nega qualquer influência ou intenção de delatar o jornalista que só deixou as dependência do DOI-CODI morto. Na versão oficial dos policiais do governo, Vladimir teria cometido suicídio. Na verdade, ele foi torturado até a morte. Neste mês de março, o governo brasileiro fez um pedido oficial de desculpas à família Herzog.

Ivo Herzog reforça o argumento contra Marin mostrando outro discurso do então deputado Marin elogiando o delegado Sérgio Paranhos Fleury, conhecido pelos militantes da esquerda como torturador. “Ele endossa toda uma ação violenta do governo daquela época”, afirmou ao Blog do Boleiro.

José Maria Marin nega as acusações. No texto publicado pelo site da CBF, ele diz estar sendo vítima de uma campanha contra sua pessoa. O presidente da Confederação contratou um escritório de advocacia de São Paulo para processar Ivo Herzog e também o jornalista Juca Kfoury que, em seu Blog no UOL, tem divulgado as ações de Ivo neste caso.

Ivo diz que Marin não precisava usar o site da CBF para se defender. “Ele só precisa aceitar conversar. Será uma conversa pública. Sugiro até a sede da OAB no Rio de Janeiro, que é território neutro”, disse.

Compartilhada por Alenice Baeta.

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