Mulheres indígenas enfrentam ‘tripla discriminação’ ao tentar entrar para a política

Mulheres indígenas enfrentam “discriminação tripla” por ser mulher, indígena e pobre
Mulheres indígenas enfrentam “discriminação tripla” por ser mulher, indígena e pobre

Os povos indígenas na América Latina realizaram uma mobilização sem precedentes nos últimos 20 anos, mas a participação política — particularmente entre as mulheres — ainda é baixa, disse a ONU em um novo relatório divulgado na semana passada

O relatório intitulado Cidadania Intercultural – Contribuições da participação política dos povos indígenas na América Latina – escrito principalmente por lideranças indígenas e especialistas e divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), cita diversos fatores que ajudaram a impulsionar a participação política dos povos indígenas na região.

Mas destaca o fato de que a inclusão política das mulheres indígenas tem sido um grande desafio, uma vez que elas enfrentam uma “discriminação tripla” de ser mulher, indígena e pobre.

“Mesmo as mulheres tendo o direito de votar e vários países da região terem colocado cotas para a participação das mulheres nos partidos políticos e órgãos públicos, a participação política das mulheres indígenas — juntamente com a sua saúde sexual e reprodutiva — são questões cruciais que estão ainda muito aquém”, afirma um comunicado de imprensa sobre o relatório, divulgado na quarta-feira (22), durante a 12ª sessão do Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas, que se reúne em Nova York até o próximo dia 31 de maio.

O relatório examina seis países da região com maior percentual de povos indígenas e de maior progresso na participação política: Bolívia, Equador, Guatemala, México, Nicarágua e Peru.

Entre os 500 representantes da câmara do México, 14 são indígenas e quatro deles são mulheres (2012-2015). Na Guatemala há 158 assentos no parlamento, dos quais 19 são ocupados por povos indígenas, três deles mulheres (2012-2016).

Do total de 92 deputados na Assembleia Nacional do Nicarágua durante o mandato 2006-2009, três eram ocupados por indígenas e dois deles eram ocupados por mulheres. Entre os 124 deputados do Equador, sete são indígenas e duas são mulheres (2009-2013).

No Peru, há 130 parlamentares e apenas nove são indígenas, sendo duas mulheres (2011-2016). Na Bolívia, onde os povos indígenas constituem 60% da população, 41 dos 130 deputados são indígenas e apenas nove são mulheres.

“Além das barreiras culturais, os povos indígenas têm poucas posses, a terra muitas vezes é improdutiva e vivem abaixo da linha da pobreza, o que impede a sua inclusão política”, disse Heraldo Muñoz, diretor do PNUD para a América Latina e Caribe.

“A população branca e mestiça se beneficiou, mas não os povos indígenas, como se eles vivessem em um mundo isolado dos aspectos mais positivos do desenvolvimento”, aponta o relatório.

Fonte: ONU Br

Compartilhada por Deborah Guarani Kaiowá Munduruku.

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