MG – Torturado recebe pedido público de perdão

Wellington Moreira Diniz disse à Comissão de Anistia que voltaria a empunhar armas para lutar contra a ditadura, se fosse necessário
Wellington Moreira Diniz disse à Comissão de Anistia que voltaria a empunhar armas para lutar contra a ditadura, se fosse necessário

Protagonistas de ações contra a ditadura, dois militantes de esquerda foram julgados ontem em BH pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Um deles será indenizado em R$ 100 mil

Daniel Camargos, Estado de Minas

Dois militantes que combateram a ditadura militar (1964–1985),  foram presos e torturados receberam ontem o pedido de perdão do Estado brasileiro e também indenização monetária, concedida pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Wellington Moreira Diniz, de 66 anos, que militou no Colina, Var-Palmares e VPR, recebeu uma indenização de 330 salários mínimos (R$ 223.740,00), porém o limite permitido pela lei é de R$ 100 mil.

Já Cecílio Emigdio Saturnino (1940–2001), que era cabo da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), foi promovido a primeiro-sargento pela comissão. Caso a família comprove relação de dependência poderá receber a pensão mensal do ex-militante da ALN. Além disso, a Comissão da Anistia enviará um ofício pedindo que a PM que retire qualquer menção negativa ao nome do cabo na história da corporação. O julgamento dos dois militantes foi realizado no prédio da Faculdade de Direito da UFMG.

“Meu desejo pessoal era que ele fosse promovido a coronel, mas temos que seguir a lei”, afirmou o deputado federal Nilmário Miranda (PT-MG), um dos nove conselheiros da Comissão da Anistia e relator do processo de Saturnino. A família do militante queria que Saturnino fosse promovido à patente de coronel. De acordo com o sobrinho dele, Reinaldo Nunes da Silva, o tio era inteligente e poderia ter conseguido a promoção caso não tivesse sido expulso da PM.

Saturnino não concordou com o golpe militar (1964) e passou a colaborar com grupos de esquerda infiltrado no quartel. Inicialmente militava para a Corrente Revolucionária e depois para a ALN. Foi preso e cumpriu mais da metade da pena – de 13 anos – na penitenciária de Linhares, em Juiz de Fora. Com a anistia, em 1979, foi libertado, mas não pode retornar para a PM.

Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.

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