Cartas de Geisel a Videla mostram elos da Operação Condor

foto_mat_41903Um dos segredos melhor guardados da Operação Condor foi a participação do Brasil e a sua conexão com a Argentina. A história dessa associação delituosa só será revelada quando Washington liberar os documentos brasileiros com a mesma profusão com que liberou os documentos sobre a Argentina e o Chile. Documentos até hoje secretos, obtidos por carta Maior, mostram correspondência entre Jorge e Videla e Ernesto Geisel e indicam colaboração das duas ditaduras no pacto terrorista que foi a Operação Condor. Por Dario Pignotti

Dario Pignotti* – Carta Capital

Brasília – Jorge Videla cumpriu o papel que dele se esperava na Operação Condor, o pacto terrorista que há 27 anos ocupou um capítulo importante na agenda argentina com o Brasil. O ditador Ernesto Geisel recebeu de bom grado a “nova” política externa do processo de reorganização nacional (e internacional), tal como se lê nos documentos, em sua maioria secretos, até hoje, obtidos pela Carta Maior.

“Foi com a maior satisfação que recebi, das mãos do excelentíssimo senhor contra-almirante César Augusto Guzzetti, ministro de Relações Exteriores, a carta em que Sua Excelência teve a gentileza de fazer oportunas considerações a respeito das relações entre nossos países…que devem seguir o caminho da mais ampla colaboração”.

A correspondência de Ernesto Beckman Geisel dirigida a Videla exibe uma camaradagem carregada de adjetivos que não era característico desse general, criado numa família de pastores luteranos alemães. (mais…)

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MA – Justiça confirma condenação do Estado a nomear defensores públicos

Juliana Mendes – Assessoria de Comunicação do TJMA

O Estado do Maranhão terá que nomear todos os defensores públicos aprovados em concurso público, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. A decisão – que determina também a permanência de um defensor na comarca – é da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA).

A câmara manteve sentença proferida em 2005 pelo então juiz da comarca, Douglas de Melo Martins, obrigando o Estado a promover concurso público para preenchimento de todos os cargos vagos de defensor público no Maranhão.

A ação civil pública original foi proposta pelo Ministério Público Estadual em 1999, reclamando a ausência de defensores naquele município, mesmo com a criação do órgão desde 1994, ferindo dessa forma direito constitucional dos cidadãos de baixa renda em ter assegurada, pelo Estado, a assistência jurídica integral e gratuita.

Segundo Martins, à época a Defensoria Pública não existia de fato, sendo cumulada com a Procuradoria Geral do Estado, o que motivou a concessão de liminar pela necessidade da criação efetiva do órgão. (mais…)

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Reintegrações de posse no MS beneficiam políticos

por Alceu Luís Castilho – Outro Brasil

O delegado Alcídio de Souza Araújo roubou a cena, neste sábado, ao confiscar o computador e o gravador do jornalista Ruy Sposati, do Conselho Indigenista Missionário. Ele comandava uma ação de reintegração de posse em Sidrolândia (MS). Um detalhe tem passado despercebido: trata-se de mais um despejo em benefício de político local.

O fazendeiro Ricardo Bacha já foi deputado estadual, pelo PSDB, e candidato ao governo estadual. Ele aparece neste vídeo discutindo com os indígenas que ocuparam a fazenda. No segundo minuto bate as mãos no chão e diz: “Isto aqui é meu!” Os Terena reivindicam o mesmo.

Veja aqui o vídeo com o confisco do equipamento: Aqui, o vídeo com Bacha e os indígenas.

Em 2006, Bacha declarou um total de 6.214 hectares em terras. A área em disputa, a Fazenda Buriti, foi declarada por R$ 333.106,84. Segundo o político, tem 302 hectares de “terras pastais e lavradias”. Ele possui uma área de mais de 3 mil hectares em Ribas do Rio Pardo. (mais…)

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Monteiro Lobato, racista empedernido

Diversão... mas como a cor não pega...
Diversão… mas como a cor não pega…

Estudo comprova a admiração do escritor pela Ku Klux Klan, que usava métodos violentos contra os negros nos Estados Unidos

por Mauricio Dias – Carta Capital

A revista dados, publicação acadêmica editada pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipesp-Uerj), resgata na edição 56, a polêmica de 2010, em torno das obras infantis do escritor Monteiro Lobato. Artigo assinado pelos professores João Feres Júnior, Leonardo Fernandes Nascimento e Zena Winona Eisenberg não deixa dúvidas: os contos escritos por ele disseminam preconceito.

Lobato, um influente autor brasileiro do século XX, era racista de perigosa influência nos bancos escolares, consumido com avidez pelas crianças. Porém… “Há evidências suficientes para afirmar que (…) Monteiro Lobato era de fato racista (…) foi membro da Sociedade Eugênica de São Paulo e amigo pessoal de expoentes da eugenia no Brasil, como os médicos Renato Kehl (1889-1974) e Arthur Neiva (1880-1943). Uma carta escrita por Lobato a Neiva, em 1928, desmancha dúvidas dos mais intransigentes. Eis um trecho dela, conforme o original: “Paiz de mestiços onde o branco não tem força para organizar uma Kux-Klan, é paiz perdido para altos destinos. André Siegfried resume numa phrase as duas attitudes. ‘Nós defendemos o front da raça branca – diz o Sul – e é graças a nós que os Estados Unidos não se tornaram um segundo Brazil’. Um dia se fará justiça ao Klux Klan (…) que mantem o negro no seu lugar”. (mais…)

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Lá houve punição

A Suprema Corte da Argentina julgou inconstitucional a anistia aos militares. Mais de 200 foram condenados no país vizinho
A Suprema Corte da Argentina julgou inconstitucional a anistia aos militares. Mais de 200 foram condenados no país vizinho

As causas da diferente reação aos crimes cometidos pelas ditaduras no Brasil e na Argentina

por Fábio Konder Comparato* – Carta Capital

A Argentina conheceu dois períodos de regime político militar, na segunda metade do século XX. O primeiro deles transcorreu de 1966 a 1973 e foi instalado com um golpe de Estado, que derrubou o presidente eleito. Os militares aboliram a Constituição da República e assumiram todos os poderes, passando a governar sem leis e sem controle do Poder Judiciário. Houve vários atos de repressão violenta aos oponentes políticos e à classe estudantil universitária, considerada altamente subversiva. O país voltou ao regime civil em 1973, quando se realizaram eleições para Presidência da República.

Em 1976, porém, houve novo golpe de Estado com a retomada do poder pelos militares. Dessa vez, instituiu-se um verdadeiro regime de terrorismo de Estado, sendo afastada toda interferência do Poder Judiciário nas ações dos militares. Os presos por razões políticas eram sistematicamente torturados. Estima-se que 30 mil foram mortos pelos agentes do regime (grande parte deles jogada com vida no mar), e que 1,2 milhão de argentinos tiveram de fugir do país. Comprovou-se, ainda, que centenas de crianças recém-nascidas tiveram a identidade trocada, após o assassinato de seus pais, e foram entregues a estranhos, que os registraram como seus filhos. (mais…)

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Após 30 anos, índios falam de genocídio na Guatemala

Mais de 1.700 ixis foram assassinados durante guerra civil na Guatemala
Mais de 1.700 ixis foram assassinados durante guerra civil na Guatemala

BBC – Os indígenas ixis tiveram que esperar mais de 30 anos para poder testemunhar sobre o capítulo mais doloroso de sua história diante de um tribunal de justiça na Guatemala. Mas o tempo não diminuiu o horror do que tinham para contar.

Durante dez dias, no julgamento que terminou há uma semana com a condenação por genocídio do ex-presidente Efraín Ríos Montt, uma centena de testemunhos – principalmente de mulheres – deu conta da violência exercida pelo Estado contra o povo maia entre março de 1982 e agosto de 1983. (mais…)

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Dois Kaiowá, parentes de Valdelice Veron, são assassinados a facadas por um bando quando voltaram para a Reserva

Comentário postado ontem à noite por Valdelice Veron: “Dia 19 de maio 2013 – Foi encontrado morto dois primos meu na BR 156 que liga Dourados/Itapora-Filho e sobrinhos do meu tio Cacique Ivo Porto Kaiowa – Que ninguem ate então sabe quem foi o assassino, pois o Oracildo Porto de 20 anos e Devanildo Porto 18 anos ambos da etnia Kaiowa moram na Reserva Indigena Jaguapiru, os dois foram espancados e degolados e jogado na referida BR. So tristeza indignação, sofrimento…”

Indígenas Kiowá-Guarani assassinados. Foto: Osvaldo Duarte
Indígenas Kaiowá assassinados. Foto: Osvaldo Duarte

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

Segundo notícia publicada*, os dois Kaiowá,  de 19 e 26 anos, teriam sido abordados por um grupo e assassinados com facadas no pescoço quando voltavam para casa, na Reserva Indígena.

Ainda de acordo com a notícia, as circunstâncias do crime estariam sendo investigadas pela polícia, que ainda não teria pistas dos assassinos e ignoraria o verdadeiro motivo dos homicídios.

*Foto e alguns dados tirados da notícia “Após confusão em bar, indígenas são mortos a facadas”, de DouradosNews.

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“Mais um ataque à liberdade de imprensa: Polícia Federal apreende equipamento de jornalista”

“Fui tratado como bandido”, afirma Sposati. Horas depois da apreensão, ao pedir o equipamento de volta, o jornalista conta que o delegado disse a ele que o acompanhasse até a delegacia. Ao chegar lá, o delegado se recusou a devolver o notebook e o gravador e se negou a fazer um termo de apreensão. Os advogados das instituições de defesa dos direitos humanos também tentaram argumentar com o delegado federal, mas foram tratados de forma ríspida e agressiva.

Sposati e deleado
Jornalista Ruy Sposati observa o delegado da PF Alcídio Araújo no momento da apreensão dos equipamentos

Agência Raízes – O confisco dos equipamentos de trabalho de um jornalista [Ruy Sposati, do Cimi] ocorreu neste sábado (18/05) enquanto o repórter realizava a cobertura jornalística de uma tentativa de reintegração de posse de uma área retomada por índios Terena, no município de Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul, a 70 km de Campo Grande.

Dezenas de policiais federais foram até o local, com o reforço de policiais militares de um grupamento especial da PM, e com o apoio de um helicóptero da Polícia Rodoviária Militar. Eles tinham como objetivo cumprir uma ordem judicial de reintegração de posse, concedida pelo juiz Renato Toniasso, da 1a. Vara da Justiça Federal de Campo Grande, a pedido do fazendeiro e ex-deputado estadual Ricardo Bacha, dono da Fazenda Buriti, cuja área incide sobre território indígena em processo de demarcação e já declarado como de ocupação tradicional do Terena através de uma portaria do Ministério da Justiça, de 2010. (mais…)

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