Por Mayrá Lima
Da Página do MST
Cruzes nas mãos e bandeiras vermelhas e coloridas. Esse foi o cenário da marcha que uniu cerca de 3000 pessoas pela Esplanada dos Ministérios em Brasília e unificou militantes do MST, do Movimento LGBT, Quilombolas e sindicalistas na defesa dos direitos humanos.
A marcha seguiu até o Supremo Tribunal Federal, símbolo do Poder Judiciário, onde os manifestantes simularam o Massacre de Felisburgo. Ao mesmo tempo, militantes LGBT também simularam a violência e assassinatos de pessoas por causa de sua opção sexual. Palavras de ordem afirmavam a unificação da luta entre militantes do campo e da cidade por reforma agrária e direitos humanos.
Do lado dos trabalhadores rurais, a indignação pelo adiamento, pela segunda vez neste ano, do julgamento de Adriano Chafik, mandante confesso do Massacre de Felisburgo. No massacre, ocorrido em 2004, cinco vítimas foram executadas com tiros à queima-roupa, além de 20 pessoas feridas, inclusive crianças, todas do acampamento Terra Prometida, em Felisburgo (MG). Chafik confessou ter participado do massacre, mas poucos dias depois conseguiu, por meio de habeas corpus, responder ao processo em liberdade.
“Esse foi um dos maiores massacres contra trabalhadores rurais da história do Brasil. A Justiça é extremamente morosa quando os casos envolvem a morte de trabalhadores, mas é extremamente eficiente para atender o latifúndio. Unificamos com outros movimentos, pois a defesa da reforma agrária, do território quilombola e a criminalização da homofobia é uma luta de todos os trabalhadores do campo e da cidade”, explicou Francisco Moura, integrante da coordenação nacional do MST.
Do lado do Movimento LGBT, a luta contra a homofobia, que também mata centenas de homossexuais em todo o Brasil, sem que haja punição. “Estávamos na 4° Marcha contra a Homofobia, que acabou se tornando uma grande marcha contra a violência no campo e a violência homofóbica. Esta unidade foi importante para criar um contraponto necessário ao avanço das forças conservadoras, como os fundamentalistas e os ruralistas, que travam a pauta da reforma agrária e dos direitos humanos no Brasil”, afirmou Vinicius Alves, secretário da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).
Representantes do Quilombo Rio dos Macacos (BA) somaram-se ao protesto, com cruzes e camisetas. “Sofremos o abuso da Marinha, mas somos resistentes e continuaremos lutando pelos direitos dos quilombolas e o nosso território”, disse Olinda de Oliveira, moradora do quilombo.
Desde a semana passada, eles estão acampados no Acampamento Nacional Hugo Chávez, em Brasília, onde participam de atividades em defesa do seu território, instalado há mais de 200 anos em Simões Filho, região metropolitana de Salvador.