Governo colombiano pagava recompensa aos militares por guerrilheiros mortos

Leandra Felipe, Correspondente da Agência Brasil/EBC

Bogotá – Os chamados de “falsos positivos” – os casos de execuções extrajudiciais na Colômbia – foram revelados entre 2008 e 2009. As mortes tiveram a participação de integrantes do Exército colombiano. Adolescentes e jovens civis, com faixa etária entre 16 e 33 anos, foram mortos sob a alegação de que estavam em combate e que pertenciam a grupos armados ilegais, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

A partir de 2005, uma diretiva do Ministério da Defesa do país, na época governado por Álvaro Uribe, intensificou a premiação dos resultados militares no marco do conflito armado. A Diretiva 29 de 2005 determinava prêmios em dinheiro e promoções aos militares que apresentassem mortes de guerrilheiros em combate.

As chamadas Mães de Soacha lutam para esclarecer a morte de 17 jovens da cidade, conhecida por abrigar milhares de deslocados internos pelo conflito armado. As famílias dos jovens assassinados dizem que as vítimas não atuavam na guerrilha, não estavam envolvidos no conflito armado e também não praticavam a delinquência comum.

Os processos judiciais em andamento na Justiça colombiana apontam que os militares envolvidos vestiram os jovens após a execução com uniformes de guerrilheiros e deixavam instrumentos usados em combate juntos aos corpos, como granadas e armas.

As investigações comprovaram que a troca de roupa por uniforme militar era feita após a morte dos jovens. Entre os principais indícios estão a ausência de marca de tiro nas roupas, que pareciam novas; os calçados vestidos com os lados trocados; e muitas vezes com número maior que o do corpo.

Em Soacha, há 19 casos registrados de vítimas de falsos positivos, mas o governo colombiano estima que ocorreram 4.716 casos de execuções extrajudiciais no país, de 2002 até agora.

O atual presidente, Juan Manuel Santos, prometeu apoio às Mães de Soacha para esclarecer a verdade sobre os assassinatos. Alguns casos registrados ocorreram quando ele era ministro da Defesa de Álvaro Uribe.

Edição: Davi Oliveira

Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.

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