A “Raça” do Brasil nas telonas

Prestes a estrear nos cinemas, documentário de Joel Zito Araújo apresenta um retrato da promoção da igualdade racial como debate nacional

Drielly Jardim /Assessoria de Comunicação da Fundação Cultural Palmares

O que um senador da República, um cantor e uma ativista quilombola têm em comum? Sem conhecer seus nomes, talvez não seja possível apontar quaisquer semelhança, mas quando somos apresentados às histórias de Paulo Paim, Netinho de Paula e Miúda dos Santos, começamos a compreender que é a luta pelo fim da desigualdade racial no Brasil que os une.

Com esse entendimento fica ainda mais fácil ao assistir o documentário “Raça”, fruto de uma parceria entre o cineasta brasileiro, Joel Zito Araújo, e da documentarista norte-americana Megan Mylan, que estreia nas salas comerciais de cinema no dia 17 de maio.

Ao perceberem que a necessidade de enfrentar o racismo se tornava um debate nacional, Zito e Megan decidiram acompanhar de perto essas três personalidades negras que estão no epicentro da batalha pela igualdade, para captar esse momento histórico.

Cartaz1As filmagens

Foi, então, que as câmeras passaram a registrar o dia a dia do senador Paulo Paim, único negro no Senado Federal e líder na luta por uma legislação pró-igualdade racial; do cantor Netinho de Paula, que se confrontou com a invisibilidade do negro na mídia brasileira e criou a “TV da Gente”; e de Miúda dos Santos, mulher simples do quilombo Linharinho, do norte do Espírito Santo, que luta pela defesa da terra e das tradições quilombolas.

Segundo Joel Zito, foram praticamente cinco anos acompanhando a jornada dos três. “Tínhamos um produtor, Luis Carlos Alencar, que era a nossa antena, era quem nos informava o que estava acontecendo na vida e na agenda deles, alertando para momentos importantes de serem filmados”, ilustra.

Ao destacar o que foi mais interessante durante as filmagens, Joel dá a entender que as personalidades, profissões e estilos de vida diferentes dos protagonistas, formam o grande diferencial do filme.

“É inegável que acompanhamos três grandes figuras. Desde o polêmico e energizado Netinho de Paula, até o Senador Paulo Paim com sua incrível capacidade de negociar e de “engolir sapos” para fazer aprovar projetos importantes e, por fim, a Dona Miúda, que com a convivência longa dentro do quilombo do Linharinho nos propiciou a parte mais terna, mais carinhosa e afetiva das gravações”, aponta.

O debate

Para o cineasta, o documentário “Raça” tem valiosas contribuições para a promoção da igualdade racial. Segundo ele, o filme apresenta um importante debate histórico, e de forma equilibrada, cede espaço para que os antagonistas do debate racial também apresentem seus pensamentos e ações. O telespectador vai assistir, por exemplo, o ex-senador Demóstenes Torres e o deputado Onyx Lorenzetti (DEM-RS) defendendo com ardor os seus pontos de vista.

Joel não esconde o desejo de que o filme se torne um instrumento importante para o debate nacional de enfrentamento ao racismo. “E gostaria muito que o ‘Raça’se tornasse relevante para a causa da igualdade racial, para a valorização do povo negro e para o desenvolvimento de uma mentalidade de diversidade no Brasil”, afirma.

Por isso, ele e Megan Mylan firmaram acordo com o  para que toda a renda obtida com a bilheteria do documentário  seja revertida para a entidade, que mobiliza pessoas e recursos no Brasil e no exterior para apoiar projetos pró-equidade racial de organizações afro-brasileiras.

Segundo o cineasta, não havia uma melhor maneira de, além de informar a sociedade e provocar boas discussões, estimular o fortalecimento de um Fundo que ampara projetos pelo fim do racismo no Brasil. “Foi conversando com um amigo de longa data, Athayde Motta e com Iracema Dantas, que entendemos que poderíamos também dar este passo”, conta.

Apesar de ser um dos maiores nomes do cinema brasileiro ao retratar questões raciais e de gênero, Joel não deixa de se surpreender quando o assunto é o sucesso de seu trabalho. Após publicar o pôster do “Raça” na rede social Facebook e obter quase 4 mil compartilhamentos em apenas três dias, o cineasta não esconde que ficou encantado. “Foi totalmente espontâneo. Não foi resultado de nenhuma estratégia”, afirma. “Acho que pode ser um bom sinal de público nas salas de cinema, não é?”.

O público poderá conferir o documentário “Raça” a partir de 17 de maio nas salas de cinema do Espaço Itaú.  Para conferir mais informações sobre o Espaço, acesse: http://itaucinemas.com.br/espaco-itau/

Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.

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