Luciano Nascimento, Agência Brasil
Brasília – A Fazenda Lagoa Bonita, em Planaltina, cidade do Distrito Federal (DF), foi ocupada no fim da tarde de ontem (3) por cerca de 450 famílias de trabalhadores rurais sem terra. Nove movimentos sociais que atuam no Entorno do DF organizaram a ocupação para protestar contra a política de reforma agrária dos governos federal, do DF, de Goiás e Minas Gerais. Eles querem que a fazenda seja transformada em assentamento para a produção agrícola.
Os trabalhadores denunciam que a área, um complexo de 1,2 mil hectares pertencentes à União, é grilada e deve ser destinada para fins de reforma agrária. “Este é um ato de reivindicação que os movimentos sociais de reforma agrária estão fazendo. O Incra já atestou que esta terra é pública e não tem registro, e a gente quer que ela seja destinada para assentar as famílias de agricultores que não tem como produzir”, disse Carlos Lopes, integrante da Confederação Nacional da Agricultura Familiar e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), uma das noves organizações que ocupam a fazenda.
“A ocupação ocorreu hoje e a gente soltou uma carta para a sociedade e o governo do Distrito Federal. A gente quer fazer a coisa de modo transparente para evitar que as pessoas critiquem a reforma agrária”, ressaltou Lopes.
De acordo com os movimentos sociais, a área da fazenda foi grilada há mais de 20 anos em nome de Wlfried Karl Stoli. A propriedade está localizada próximo ao Campus 2 da Faculdades Integradas (Upis). Os ocupantes disseram que foram feitas várias tentativas de registrar a terra em nome de Stoli, “um alemão que nunca residiu no Brasil”, disse o coordenador da Conafer.
Em comunicado, as lideranças cobram uma ação do Poder Público em relação a área e reivindicam que o governo inicie uma ação discriminatória para provar a origem das terras do DF e do Entorno, bem como a anulação das concessões de áreas públicas “aos grileiros brasileiros e estrangeiros e a destinação das terras para as famílias de agricultores sem terra”. Os manifestantes prometem permanecer no local até serem recebidos por representantes dos governos do Distrito Federal e do governo de Goiás para tratar do assentamento das famílias.
Além da Conafer, ocupação foi organizada por integrantes da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Movimento Luta pela Terra (MLT), do Movimento de Apoio aos Trabalhadores Rurais (Matr), do Movimento Brasileiro dos Trabalhadores Sem Terra (MBST), e da Federação da Agricultura Familiar e Empreendedores Familiares Rurais (Fafer) no Distrito Federal e em Goiás.
Edição: Aécio Amado
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Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.