Programa de atendimento psicológico às vítimas da ditadura militar chega ao Rio de Janeiro

Cristina Indio do Brasil* – Agência Brasil

Rio de Janeiro – Ontem (17) foi a vez do Rio de Janeiro fazer a primeira etapa do projeto Clínicas do Testemunho, chamada de conversas públicas, quando os interessados em participar do programa de atendimento gratuito psicológico à vitimas da ditadura militar conhecem a metodologia que será aplicada.

Segundo o secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, que também é presidente da Comissão da Anistia, as clínicas terão 702 vagas não apenas para os anistiados políticos, conhecidos como vítimas da ditadura, como também às pessoas da família.

“Temos clareza que os traumas não atingem única e exclusivamente os perseguidos políticos, mas também àqueles que sofreram sequelas do autoritarismo, como seus filhos, seus pais e seus companheiros, reconhecendo a dimensão do dano. As clínicas de testemunhas têm como propósito atender às demandas de importante segmento da nossa sociedade civil oferecendo assistência psicológica gratuita àqueles que foram atingidos por atos de exceção durante a ditadura militar”, disse.

Segundo o secretário, em São Paulo, onde já foram feitas as conversas públicas, agora estão sendo recebidos os e-mails dos participantes confirmando as inscrições e a adesão à metodologia. Os nomes serão passados para as clínicas a fim de agendar as sessões de atendimento. As clínicas, de acordo com Paulo Abrão, foram selecionadas por meio de edital.

“Foi selecionado um conjunto de profissionais com vasta e comprovada experiência no tratamento de traumas advindos de crimes de violência de Estado, mais especificamente as particularidades da violência do Estado de exceção. Essas pessoas são profissionais gabaritados que já vinham promovendo atendimentos nessa área e já comprovaram, inclusive, articulação com outras redes de atendimento psicológico a vítimas da ditadura na Argentina, no Chile e no Uruguai”, disse.

Abrão informou ainda que o programa terá como prazo incial dois anos e será avaliado no fim do periodo. “No primeiro momento avaliamos que essas cidades teriam a maior demanda. Agora estamos analisando a possibilidade de ampliação. As conversas públicas estão servindo para avaliar a adesão ao programa. Embora as clínicas estejam localizadas nessas cidades, as pessoas que moram fora desses locais podem se inscrever para participar”.

Segundo o secretário, a Comissão de Anistia, como orgão, já trabalhava no campo da reparação econômica. “Uma frente de reparação moral é o pedido de desculpas do Estado brasileiro. Outra de frente de reparação coletiva são os projetos de memória e agora esta é a quarta frente do programa de reparação do Estado brasileiro. A nossa expectativa é de que o principal resultado dos programas seja a melhora do bem-estar das vítimas e também dos parentes”, concluiu.

*Edição: Aécio Amado

Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.

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