Venezuela: povo continua mobilizado, e clima é tenso, com provocações da direita

Por Núbia Vieira, de Caracas

O clima em Venezuela neste momento é tenso. Desde o anúncio do resultado das eleições, a direita prontamente se manifestou. Henrique Capriles, por internet, declarou o não reconhecimento do resultado, pedindo uma auditoria, a recontagem de todos os votos. E já em seu primeiro discurso, na noite de domingo, Nicolás Maduro comentou a possibilidade de pedido de auditoria pela direita e disse que estaria disposto a encarar a auditoria, tendo certeza do processo eleitoral limpo que havia passado no domingo.

Nicolás Maduro venceu por 50,66%, diante de 40,07% de seu opositor Henrique Capriles. O resultado apertado e a divisão do eleitorado demonstrado pelos números deu à direita os “argumentos” que necessitavam para incitar  a deslegitimação da vitória de Maduro.

Após seu discurso no domingo bastante exaltado mencionando fraude nas eleições, Capriles na segunda feira passou o dia dando depoimentos públicos e chamando o seu eleitorado para as ruas. Como por exemplo, chamou o eleitorado para estar nas ruas no mesmo horário em que Nicolás Maduro seria oficialmente declarado presidente da República Bolivariana. Ao chamar seu eleitorado a estar nas ruas ao mesmo tempo em que os Chavistas também estariam, já se notava a tentativa da direita de incitar a violência civil generalizada em Venezuela.

Por volta das 20:00, Capriles chamou seu eleitorado para um “caçarolaço”. Nesta hora muitas pessoas, em prédios e nas ruas, batiam suas panelas convencidos de que o Caprilismo também tem lá sua identidade. Este fato é notório porque até a declaração do resultado eleitoral não se havia visto nenhum tipo de manifestação de Caprilistas; estavam todos ocultados diante das inúmeras manifestações Chavistas por toda a cidade de Caracas.

O resultado, mostrando que a direita subiu se comparada às últimas eleições, confirmou que ela também tem povo. E a maneira da direita lidar com essa base eleitoral que possui é utilizá-la como um instrumento de desestabilização do país através da incitação ao confronto civil.

Ontem pela noite, pessoas foram mortas, casas de Chavistas incendiadas, supermercados estatais e postos de saúde incendiados nesta madrugada. Nas televisões estatais, nesta manhã, inúmeros são os depoimentos de pessoas do governo, de representantes do movimentos, chamando atenção para a violência que tem plantado Capriles e pedindo paz entre venezuelanos e venezuelanas.

Capriles tem pronunciado que houve mais de 3000 atentados no domingo contra locais de votação. Mas, em Caracas por exemplo, os atentados ao pontos de votação foram todos realizados por caprilistas. Como por exemplo, no bairro que estou em Caracas, um bairro de periferia e assim de maioria Chavista, houve um atentado a um local de votação em que pessoas tentaram impedir por um tempo as votações utilizando de violência e terror.

Não havia motivo para que os Chavistas tentassem algum tipo de saboteio às eleições, porque para todos e todas estava muito clara a vitória de Maduro. Por isso, se houve algum tipo de fraude no processo eleitoral, essa fraude está nas inúmeras tentativas de saboteio a pontos de votação de maioria Chavista, pela direita.

Depois dos acontecimentos violentos de ontem e dessa madrugada, até agora o opositor Henrique Capriles não se pronunciou, o que demonstra a sua irresponsabilidade diante da gravidade do que vem ocorrendo.

No contexto internacional, EEUU já declarou apoio à auditoria pedida por Capriles, apoiando-o na ideia de possível fraude. Espanha não reconheceu a eleição de Maduro.

Sobre a auditoria, a direita até agora não manifestou os argumentos formais ao Conselho Nacional Eleitoral, ou seja: falta seriedade e sobra irresponsabilidade com a vida deste povo.

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