Sem Terra ocupam cinco áreas em Pernambuco e cobram Reforma Agrária

CPT NE II

Mais de 300 famílias do MST realizaram cinco ocupações de terra no estado de Pernambuco desde domingo (14). As ações fazem parte da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, quando acontecem mobilizações em todo o país.  Na manhã desta segunda-feira (15), cerca de 50 Sem Terra reocuparam a fazenda Fruit Fort, localizada na BR 235, em Petrolina (PE). Em agosto do ano passado, a área já tinha sido ocupada pelos trabalhadores rurais, mas por determinação da justiça foram obrigados a sair.

Além de pendências com a justiça do trabalho, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) também investiga a produtividade da fazenda.

Outras 80 famílias ocuparam o Engenho Juçaral, pertencente à Usina São Luiz Ainda, no município de Catende, região Brejo do estado.

No domingo, outras três áreas foram ocupadas. No município de Arcoverde, 80 famílias reocuparam a granja Serra das Varas.

O Engenho Jacarapina – atualmente arrendada à Usina Santa Tereza -, no município de Itaquitinga, região da Mata Norte, foi ocupada por 60 famílias.

E outras 80 famílias também ocuparam a fazenda Sítio Chocalho, no município de São Caetano, região Agreste.

Reforma Agrária em Pernambuco paralisada 

Em Pernambuco, há 163 acampamentos organizados pelo MST, com mais de 16 mil famílias acampadas. Mesmo com tamanho contingente de acampados, entretanto, os dados do Incra demonstram a paralisação da Reforma Agrária no estado, já que em 2012 apenas uma nova área foi desapropriada.

Segundo o estatuto regimental do órgão federal, sua primeira finalidade é “promover e executar a reforma agrária visando a melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social”. Dessa forma, com as ocupações de terras, os trabalhadores rurais esperam pressionar o Instituto para que cumpra com sua finalidade.

No último estudo realizado pelo Incra sobre a produtividade das fazendas no estado, em 2009, apontava uma improdutividade em 57% dos latifúndios cadastrados em Pernambuco, totalizando 411.657 hectares de terras, mais do que suficiente para assentar as famílias que vivem acampadas em todo o estado.

O latifúndio e a violência

Desde sua criação, em 1975, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) se defronta com a grave situação no campo brasileiro, onde os conflitos pela posse da terra geram a violência e a morte de trabalhadores e trabalhadoras rurais. Essa violência começou a ser registrada pela CPT ainda na década de 70.

Segundo dados do Caderno Conflitos no Campo no Brasil 2011, publicado pela CPT anualmente:

Em 2011 houve um crescimento de 15% no número total de conflitos no campo, em relação a 2010. Os conflitos por terra é que apresentaram um crescimento mais expressivo (24%) passando de 835, em 2010, para 1.035 em 2011. O maior crescimento se deu na região Nordeste, 34,1%, num total de (495 conflitos envolvendo 43.794 famílias).

Debate com a sociedade

Além das ocupações de terra, esse ano o MST também está promovendo algumas ações em Recife para promover o debate com a sociedade. Serão realizadas exibições de filmes, debates, feira de produtos orgânicos dos assentamentos e apresentações musicais em apoio ao MST e à Reforma Agrária.

A programação começa, nesta segunda, às 19h com uma exibição do filme “Eles voltam”, do diretor Marcelo Lordello.

No dia 16 haverá um debate com João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST, às 19h no Teatro Arraial, após a exibição do vídeo “O Veneno está na Mesa”, do cineasta Silvio Tendler.

Na quarta-feira (17), dia Nacional da Luta pela Reforma Agrária, haverá uma feira de produtos orgânicos de assentamentos da região metropolitana. A partir das 11h, haverá apresentações musicais de repentistas e música regional, na Casa da Cultura.

A programação será encerrada às 19 horas, no Teatro Arraial, com exibição do curta “Vidas Cheias”, sobre experiências de assentamentos da Reforma Agrária na convivência com o semiárido nordestino e do meia metragem “Raiz Forte”, um retrato da organização do MST que os meios de comunicação não mostram.

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