MP em Minas: desvio de R$ 55 milhões na compra da merenda escolar

Ação judicial pede bloqueio de R$ 7,3 milhões em bens dos suspeitos, que negam fraude

Ezequiel Fagundes – O Globo

BELO HORIZONTE — Em Montes Claros, no Norte de Minas, uma das regiões mais pobres do país, suspeitas de merenda superfaturada e de má qualidade distribuída a mais de 30 mil estudantes de 108 escolas públicas levaram o Ministério Público (MP) a pedir o bloqueio dos bens dos empresários Alvimar Perrella e José Maria Queiroz Fialho, donos da empresa Stillus Alimentação, além do ex-prefeito da cidade Luiz Tadeu Leite (PMDB). O grupo é acusado de direcionamento e superfaturamento de contratos de merenda escolar.

O pedido de sequestro de bens na ordem de R$ 7,3 milhões integra uma ação civil pública de improbidade administrativa movida pelo MP. O pedido, apresentado em 2012, ainda está sendo analisado pela Justiça. Alvimar Perrella é ex-presidente do Cruzeiro Esporte Clube e irmão do senador Zezé Perrella (PDT-MG).

A denúncia é desdobramento de uma operação da Polícia Federal (PF) desencadeada em 2012. Batizada de “Laranja com Pequi”, a operação tinha como foco desarticular uma “organização criminosa” responsável por amealhar uma série de contratos com o poder público para fornecimento de merenda para cidades do interior e quentinhas para presídios. O montante investigado é de R$ 166 milhões. Segundo estimativa do MP, um terço desse valor foi desviado. De acordo com as investigações, o esquema contava com um grupo de empresas que se revezavam nas licitações para fornecimento de alimentos.

O advogado da Stillus, Antônio Velloso Neto, negou todas as irregularidades e classificou de “fantasiosa” a denúncia do MP. Para Neto, houve motivação política para atingir o ex-prefeito de Montes Claros, que iria tentar à reeleição, mas desistiu.

— A denúncia foi distribuída em pleno período eleitoral para atingir o prefeito da cidade. Os promotores estavam na cola dele há bastante tempo. A Stillus é uma empresa séria, vendemos 150 mil refeições por dia — afirmou o advogado.

O ex-prefeito Luiz Tadeu Leite foi procurado, mas não atendeu aos pedidos de entrevista até o fechamento desta edição.

Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.

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