Em Marabá, situada no Sudeste do Pará, palco de uma das disputas de terras mais ferrenhas da Amazônia, ocorre o julgamento dos três acusados de terem assassinado o casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, em maio de 2011. Este crime teve uma repercussão grande dentro e fora do Brasil tal qual os casos de Chico Mendes e Dorothy Stang. O júri popular até quinta à noite
Ximena Leiva – Greenpeace
Estão sentados no banco dos réus José Rodrigues Moreira, apontado como o mandante, seu irmão Lindonjonson Silva, e um terceiro, Alberto Nascimento, estes dois últimos acusados de terem sido os autores dos disparos. Os três respondem por homicídio qualificado, sendo que cada um pode pegar até 60 anos de prisão, de acordo com o MPE-PA (Ministério Público Estadual do Pará), autor da denúncia.
Zé Cláudio e Maria foram exterminados por denunciarem constantemente a ação de madeireiros, carvoeiros e grileiros no Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, a 50 quilômetros de Nova Ipixuna, no Pará. No entanto, houve um episódio que agravou a situação que já era delicada. Certo dia Rodrigues comprou ilegalmente um lote de terra na área, que por sinal era habitado por dois extrativistas. Começaram as intimidações para que a terra fosse desocupada à força.
Cientes do que estava ocorrendo, o casal informou o Incra e a CPT (Comissão Pastoral da Terra) sobre as ameaças que esses agricultores estavam sofrendo assim como questionaram a compra de lote em assentamento de reforma agrária, prática ilegal muito comum na Amazônia. A partir daí, assinaram definitivamente sua sentença de morte.
“A violência no campo na Amazônia está relacionada com a invasão de terras ocupadas historicamente por povos indígenas, populações tradicionais e agricultores familiares. A ponta de lança do ataque passa por desmatamento, extração ilegal de madeira e pecuária extensiva. Esse crime revela todo o atraso do modelo de desenvolvimento da região e a urgência de se construir outro, baseado na floresta em pé com desmatamento zero e no respeito a estas pessoas”, observa o coordenador da Campanha pelo Desmatamento Zero, Kenzo Jucá Ferreira.