Comissão Internacional chega ao Brasil e vai participar do julgamento dos acusados pela execução do casal José Cláudio e Maria do Espiríto Santo, em abril

José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, líderes do projeto agroextrativista, Praia Alta Piranheiras, em Nova Ipixuna, no Pará, executados com tiros na cabeça em novembro de 2011.

Por Rogério Almeida, em FURO

Entre o dia 1ºe 4 de abril, uma delegação internacional da Right Livelihood Award cobrará justiça e o esclarecimento de crimes contra integrantes do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra e de outros movimentos sociais que atuam no campo. Somente em um ano, o número de ativistas ameaçados no país aumentou 177,6%. Em resposta ao aumento dos casos de intimidação e violência contra ativistas sociais no Brasil, a Fundação Right Livelihood Award (RLA) decidiu enviar uma delegação internacional de reconhecidas personalidades à cidade de Marabá, no Pará, região norte do país.

Da delegação participam dois agraciados com o Right Livelihood Award (também conhecido como Prêmio Nobel Alternativo): Angie Zelter, representante da organização britânica Trident Ploughshares (RLA 2001) e o biólogo argentino Raúl Montenegro (RLA 2004). Também compõe esta comitiva Marianne Andersson, integrante do Conselho Diretivo da Fundação RLA e ex membro do Parlamento sueco, que a respeito das razões de sua presença em Brasil, afirmou: “A delegação chegará para expressar sua solidariedade aos ativistas brasileiros, denunciar os crimes e ataques que estão sofrendo os lutadores sociais nesse país e exigir a realização imediata da reforma agrária”.

No dia 25 de janeiro último, Cícero Guedes, líder do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), um dos maiores movimentos sociais do Brasil, foi assassinado a tiros, no Rio de Janeiro, por pistoleiros ainda não identificados. Este assassinato é só um de um número crescente de ataques contra ativistas brasileiros envolvidos na luta pela reforma agrária. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) confirma que o número de ativistas ameaçados no país aumentou de 125 para 347 entre 2010 e 2011, segundo o relatório Conflitos no Campo Brasil. Somente em um ano, o número de ativistas ameaçados no país aumentou 177,6%.

A situação é particularmente grave no estado do Pará, estado que, segundo o Relatório de Investigação 2005 da Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH), representa 40% da superfície total desmatada no Brasil, e tem as taxas mais altas do país, tanto de escravidão como de ameaças a defensores dos direitos humanos. A CPT revela que 12 dos 29 assassinatos de ativistas rurais brasileiros em 2011, ocorreram no estado. O MST sustenta que o clima de impunidade ainda é muito forte na região.

Em 1991, a Comissão Pastoral da Terra e o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra receberam conjuntamente o Right Livelihood Award (também conhecido como Prêmio Nobel Alternativo) por seu trabalho incansável a favor da justiça social e do respeito aos direitos humanos dos pequenos agricultores e camponeses sem terra do Brasil.

Amnesty Internacional e Movimento Humanos Direito MHuD) também confirmam presença


Já confirmaram presença também no julgamento representantes da ANISTIA INTERNACIONAL, entidade internacional de direitos humanos com sede em Londres na Inglaterra. A Anistia é uma das entidades que tem se destacado no campo da defesa dos direitos humanos no mundo, produzindo relatórios anuais sobre a violação de direitos humanos em diferentes países. Em seus relatórios o Pará tem sido frequentemente citado em razão das ameaças e mortes no campo. Atualmente, a ANISTIA está acompanhando o caso das ameaças sofridas por LAISA SAMPAIO, irmã de Maria do Espírito Santo, esposa de José Cláudio, ambos assassinados em maio de 2011.

Também estarão presentes representantes do MHuD, entidades de defesa dos direitos humanos com sede no Rio de Janeiro. O MHuD é composto por artistas e intelecturais com atuação em Redes de TVs, Universidades e outros espaços. Em 2012, a entidade entregou o prêmio JOÃO CANUTO de Direitos Humanos para LAISA SAMPAIO como reconhecimento de sua luta em defesa da floresta no Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, no Município de Nova Ipixuna.

Como parte da visita, as referidas entidades, participarão de uma AUDIÊNCIA PÚBLICA sobre a impunidade da qual gozam os violadores dos direitos humanos. A atividade será no dia 2 de abril, na Universidade Federal do Pará (UfPA), em Marabá (PA), à partir das 14:00hs. No dia seguinte, todos participarão do Júri Popular, do caso do assassinato do casal de extrativistas de Nova Ipixuna, José Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, ocorrido em 2011.

Outras entidades ainda deverão confirmar presença nas próximas horas.

Marabá, 28 de Março de 2013.

Contatos:

Mercedes (MST) 094-9121-8161.
Rose (CPT) 094-9159-1819.
Antônio Gomes (FETAGRI) 094-9143-0091
Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.

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