Indígenas participam da Jornada de Lutas do 14 de Março

A construção de grandes hidrelétricas na Amazônia significa mais do que destruição de florestas e sua rica biodiversidade. Além de representar a privatização dos nossos bens naturais, causar danos irreversíveis ao modo de vida ribeirinho e provocar o caos social nas cidades que estão no meio da floresta, estes empreendimentos ameaçam de forma definitiva a história, a cultura e os costumes dos povos indígenas quando os expulsam de seus territórios e destrói seus lugares sagrados.

Esta é uma das grandes preocupações do povo indígena Munduruku, que possui mais de 11 mil membros nos estados do Pará, Amazonas e Mato-Grosso, sendo mais de 8 mil morando na bacia do Tapajós. Os Munduruku são ameaçados por um conjunto de cinco barragens, incluindo as usinas de São Luiz do Tapajós e Jatobá, que juntas poderão inundar 1368km² de floresta virgem, duas vezes e meia a inundação de Belo Monte, levando para debaixo d’gua, total ou parcialmente, o território de 16 aldeias.

Para fazer frente a este desastre, os Mundurukus avançam na resistência e ampliam suas parcerias. Juarez Saw, cacique da Aldeia Sawre Muy Bu, que fica às margens do Tapajós no município de Trairão, afirma que é preciso fortalecer a resistência. “Agora que a gente entendeu o que de fato são estes projetos, estamos fazendo o esforço de aumentar as parcerias com os brancos. É o momento de saber quem está do nosso lado”, afirmou.

Juarez foi um dos representes de quatro aldeias Munduruku que estiveram no Seminário Barragens no Tapajós: desenvolvimento para quê e para quem? realizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) nesta segunda e terça-feira (11 e 12) na cidade de Itaituba. Na ocasião, eles reafirmaram o compromisso com a floresta preservada e com a defesa de seus territórios.

Como parte da realização do Seminário, os militantes do MAB fizeram uma intervenção na seção ordinária da Câmara Municipal de Itaituba onde denunciaram a violação de direitos por parte das empresas que querem fazer as barragens, falaram em defesa das comunidades tradicionais e dos povos indígenas e reafirmaram que é preciso exercer o direito de dizer NÃO a estes grandes projetos. Na tribuna, Juarez Saw, reafirmou que “do alto ao baixo Tapajós seu povo diz não a construção de barragens e que estão dispostos a entrar em guerra para defender nosso território”.

Para ele, atividades como estas ajudam os indígenas porque aumentam a parceria e ajudam nas informações. “Os parentes ficam esperando para saber o que a gente aprendeu aqui.”, comenta. Esta animação é importante, porque, segundo afirma Juarez, entre tantos impactos, governos e empresas têm desrespeitado sua história e o que tem valor para eles. “Eles não sabem como a água pode atingir nossos lugares. Temos mães, avós que vão pro fundo. E nenhum pesquisador vai descobrir isso porque não conhecem a história”, afirma o cacique, que, como todo o restante do seu povo, espera não ver seus lugares sagrados submersos em um lago de hidrelétrica.

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Enviada por Sonia Guarani Kaiowá Munduruku.

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