CPI pedirá paralisação de Belo Monte

Para presidente da Comissão, aumento da criminalidade e da precarização da infraestrutura de Altamira deve-se ao não cumprimento das condicionantes por parte da Norte Energia

Por Fabíola Binas

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas apelará aos poderes Judiciário e Executivo para paralisar as obras da usina hidrelétrica de Belo Monte (11.233MW). Um primeiro encontro acontecerá com o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, esta semana, quando um grupo de deputados entregará o pleito ao ministério.

“Estamos pedindo que a paralisação aconteça, até que as condicionantes sejam cumpridas”, explicou o presidente da CPI, deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA).

O parlamentar esteve em Altamira, no Pará, cidade próxima à usina, para ver de perto a situação do município. “Os números que foram revelados lá, pela Polícia Federal, inclusive, e pela Polícia Civil do Estado são contundentes demais”, revelou. Segundo o deputado, todos os tipos de crimes aumentaram na região, e, dependo da infração, chegou a quadruplicar.

Para se ter uma ideia, Altamira tinha cerca de 100 mil habitantes, antes do início das obras da usina. Em questão de sete meses, houve um fluxo migratório de aproximadamente 30 mil pessoas. “Normalmente, isso deveria acontecer em um período de 10, 15 anos”, ponderou Jordy. Não houve, porém, a ampliação da estrutura local, como saúde, segurança e educação, que em alguns casos, segundo ele, até regrediu.

O deputado foi a Altamira por conta do episódio ocorrido há poucas semanas, quando 14 mulheres, incluindo uma menor de idade, foram encontradas sob cárcere privado em um prostíbulo localizado em uma das estradas que dá acesso às obras. Descobriu-se então que as moças vinham da região Sul, com a promessa de um emprego bem remunerado em Altamira.

“Para nós o entendimento é límpido e claro, que essa situação que vimos lá e acontece em decorrência do não cumprimento dessas condicionantes”, comentou se referindo aos compromissos assumidos pela Norte Energia, de efetuar uma serie de melhorias em Altamira que, até agora, não aconteceram. “Isso tudo foi alertado pelo Ministério Público, pela CPI, pela Comissão da Amazônia. Várias vozes se levantaram sobre a situação, mas infelizmente o governo não ouviu. Agora estamos vendo os efeitos colaterais”, finalizou.

Ibama
Semana passada, o Jornal da Energia falou sobre uma parecer do Ibama, emitido em dezembro de 2012, que avalia que muitas das ações acordadas estão com status de “não atendidas” ou “parcialmente atendidas”. O cumprimento dessas ações é obrigatório para a continuidade das obras.

A Norte Energia, por sua vez, defendeu-se listando parte do que já foi realizado em Altamira.

Compartilhado por Sonia Guarani Kaiowá Munduruku.

http://www.jornaldaenergia.com.br/ler_noticia.php?id_noticia=12706&id_secao=17

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