Jornadas Bolivarianas de 2013 discutem os Megaeventos Esportivos

Elaine Tavares

Já está tudo pronto para a nona edição das Jornadas Bolivarianas, evento anual do Instituto de Estudos Latino-Americanos (Iela), que acontece de 9 a 12 de abril de 2013, no Auditório da Reitoria da UFSC. O tema desse ano são os Megaeventos Esportivos, buscando refletir os impactos e as consequências desse tipo de proposta uma vez que o Brasil sediará tanto a Copa do Mundo em 2014, como as Olimpíadas em 2016.

Foi em função dessa realidade que o IELA decidiu trazer para o debate o esporte, que aparece hoje como um dos maiores eventos de massa da modernidade. Estima-se que as Olimpíadas e a Copa do Mundo de Futebol sejam assistidas por mais de 4 bilhões de pessoas, ou seja, mais da metade da população planetária; portanto, esses eventos a se realizarem no Brasil, trarão para o país e para todo o continente latino-americano, antes, durante e após sua realização, muitos desafios, problemas e implicações culturais. Por conta disso, o Iela incorpora esse tema na sua discussão anual e traz pesquisadores e estudiosos de países que já foram sede de eventos semelhantes para discutir criticamente como vai ser o processo de preparação desses “acontecimentos” e qual o legado que eles realmente deixam aos povos.

Estimam-se gastos na ordem de mais de 200 bilhões de reais para a realização da Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Brasil, produzindo impactos significativos sobre as atividades econômicas, sociais, culturais e educacionais não só no país como em toda a América Latina. Também já se sabe que 60% desse valor – ou mais – serão suportados pelo Estado Brasileiro nas esferas municipal, estadual e federal. No rastro dessa sangria de recursos públicos, os governo prometem melhorias que, ao final, acabam não acontecendo. Exemplos como a Grécia, China e África do Sul ainda são bem recentes. Estruturas imensas foram criadas para abrigar Olimpíadas e Copa do Mundo, e hoje estão abandonadas. O famoso estádio Ninho de Pássaro em Pequim, que tanto furor causou pela beleza e magnitude, está fechado há mais de ano, sem que nada aconteça lá dentro. Dinheiro queimado.

Segundo o presidente do Iela, que é professor de Educação Física, Paulo Capela, os megaeventos Copa do Mundo de Futebol e das Olimpíadas acabam aparecendo como formulações econômicas produzidas para o enfrentamento da crise pela qual passam os estados nacionais capitalistas e que começam também a ser adotados como forma política de estado em países empobrecidos e emergentes. “Diante da incapacidade do estado capitalista de atender de forma equânime a todas as populações nacionais constituintes de suas cidades, este mesmo estado promove entre elas, em razão da escassez de recursos públicos, acirradas competições. Essa lógica aparentemente produz algumas ilhas de modernidade, mas de forma geral empobrece os países-sede desses eventos, promovendo o subdesenvolvimento, ou seja, mais pobreza sistêmica”.

E é para entender melhor os processos que são gerados com a lógica dos megaeventos que as Jornadas Bolivarianas oferecem à comunidade universitária e ao público em geral, de forma gratuita, debates com nomes renomados no mundo esporte, que buscam compreender os impactos gerados por essas formulações econômicas chamadas de “megaeventos” que muito mais visam lucros para muito poucos do que a saudável promoção do esporte.

No Brasil, tudo já está girando em torno desses dois eventos. Desde a compra de televisores até as falsas promessas de melhorias nas cidades. Por isso, debater sobre eles e construir uma proposta de cunho popular para o esporte é tarefa do pensamento crítico, elemento básico do trabalho do Instituto. O Iela traz estudiosos da África do Sul, México, Uruguai, Equador, Cuba, assim como importantes pensadores do esporte em nível de Brasil como Juca Kfouri, Fernando Mascarenhas, Marcelo Proni e Nilso Ouriques. Veja a programação e participe do debate. Com conhecimento de causa e informação de qualidade os brasileiros poderão encontrar outras saídas para a prática de esportes.

IX Jornadas Bolivarianas

Megaeventos Esportivos – seus impactos, consequências e legados para o continente latino-americano

9 de abril de 2012

– Noite – Aud. da Reitoria – UFSC
18:30 – Abertura oficial das VII Jornadas Bolivarianas
19:00 – Conferência de abertura: Os Megaeventos Esportivos: Impactos, Consequências e Legados para o Continente Latino-Americano
Conferencista: Jaime Breilh/ Equador – Doutor e Diretor da Área de Saúde da Universidade Andina Simón Bolivar. Coordenador do Global Heach para a América

10 de abril de 2011

– Manhã – Aud. da Reitoria
9:00 – Conferência O Estado, os Movimentos Sociais, as Políticas Públicas de Esporte e Lazer e os Direitos Sociais frente aos Megaeventos Esportivos
Antonio Becali Garrido, Reitor da Universidade de Ciências de la Cultura Física e Esporte – Cuba
Fernando Mascarenhas UNB, Brasília, Brasil
– Tarde – UFSC e Hall da Reitoria
14:30 – 18:00 – Apresentação de Trabalhos
– Noite – Aud. da Reitoria
18:30 – Conferência: A Mídia, o Jornalismo Esportivo e a Cobertura dos Megaeventos Esportivos
Juca Kfouri – São Paulo
Maurício Mejía – México

11 de abril de 2012

– Manhã – Aud. da Reitoria
9:00 – ConferênciaAcumulação do capital e megaeventos esportivos
Nilso Ouriques – Unoesc/ Brasil
Marcelo Proni – Unicamp/Brasil
– Tarde – UFSC e Hall da Reitoria
14:30 – 18:00 – Apresentação de Trabalhos
 – Noite
19:00 – Conferência: Tema: Cidades, Cidadania, Participação Popular e os legados dos megaeventos esportivos
Eddie Cottle – África do Sul – Autor do livro South África`s Wold Cup: A Legacy For Whom? (Copa do Mundo da África do Sul: um legado para quem?)
Raumar Rodrigues Gimenez – Universidade Republica do Uruguai

12 de abril de 2012

– Manhã
9:00 – Mesa redonda: O impacto dos megaeventos e a alternativa nacional-popular
Todos os palestrantes

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