“Quem orquestrou a ocupação ilegal de Marãiwatsédé?” Muito importante!

Foto aérea da TI Maraivatsédé em 2004

A transcrição de um programa da Rádio Mundial FM, datado de 20 de junho de 1992, revela como políticos da região de Marãiwatsédé, no Mato Grosso, orquestraram a ocupação ilegal da terra após sua demarcação como território do povo Xavante. Enviada no mesmo ano à Funai e ao Ministério da Justiça, como argumento para apressar a efetivação da desintrusão da TI, pela antropóloga Iara Ferraz, em nome do Conselho de Trabalho Indigenista (CTI), e pelo agrônomo Mariano Mampieri, a transcrição pode ser lida abaixo, na íntegra. A carta, que traz um relato de como políticos mato-grossensses organizaram os posseiros para que ocupassem a TI já demarcada, está disponível aqui.

Transcrição: LADO A

LOCUTOR: Diretamente da Rádio Mundial FM pra gravações da reunião aqui no Posto da Mata, no dia 20 de junho de 1992, às 15:10. Estamos com a voz do MAZIM KALIL, candidato a prefeito de Alto da Boa Vista:

“… Pessoal que tá trabalhando dentro de sua posse aí que veio prestigiar essa reunião importante sim, não só para o município de Alto da Boa vista mas importante pra toda a região do Araguaia. A finalidade, né, dessa reunião é tentarmos organizar mais, né, os posseiros que estão dentro da área e dizer a eles, né, que essa área já foi da Itália, hoje é do brasileiro, hoje ela é nossa!

“Os índios, se for voltar pra suas terras, eles têm que tomar todo o Brasil, e se for colocar índio no seu habitat natural, tem que mandar o indio lá pra Jacareacanga, ou Amazonas, ou Pará, que é lá que tem matas virgens. Como é que vai colocar o índio no meio do povo? O índio tem que colocar ele no habitat natural… Então isso é ilusão de algumas pessoas que querem (palmas), que querem fazer nós, o povo da região, nós o brasileiro de bobo. Achando que aqui só tem índio também, beiço furado, que vai deixar talvez gringo chegar e ficar mandando no que é nosso! Então, agradecer a presença de todos vocês, é dizer o que foi, né, falado aqui deve ser passado aos demais posseiros que estão nas áreas e… agradecendo assim, quero passar a palavra ao nosso prefeito municipal, José Antonio de Almeida, o “Baú”.

PREFEITO: “Nós reiteramos; agradecemos a presença de todos e quero deixar bem claro que nós não somos mentores de invasão de propriedade. O Mazinho explicou muito bem aqui: essas terras aqui são ricas, estão no centro do nosso município, é uma região que agora o progresso está chegando através de asfalto de rodovias – e a “Suiá” foi uma das maiores fazendas do Brasil e talvez do mundo. Venderam algumas áreas, mesmo assim restou 217 mil hectares de terra. E quando a empresa estava intacta, nós toda vida respeitamos a “Suiá” e a propriedade – que nós somos um defensor intransigente da propriedade – porque nós temos que respeitar a propriedade para ser respeitados.

“Quando surgiu esses primeiros fatos da possibilidade da volta dos Xavantes pra região, todo o povo ficou muito preocupado. Eu até estive numa audiência com o Dr. Renato Grillo, levando pra ele a apreensão do povo da região, que poderia surgir alguma crise entre os Xavantes e a população, porque em 66 esses índios foram embora daqui para uma outra reserva. Eles possui cinco reservas imensas aqui no Mato Grosso. Já estão habituado lá naquela região e não há necessidade nenhuma em trazer 600 e poucos índios para ocupar um espaço tão grande, sendo que os brasileiros tá com problemas de terras, precisa de terra pra trabalhar. Nós temos visto na televisão o povo arranchado na beira de rodovia procurando pedaço de terra…

“E nós começamos desde aquele primeiro momento a denunciar para as autoridades competentes, através de telex para Ministro da Justiça, deputados federais, senadores, governador, a própria fazenda. E eles também não apoia o retorno dos índios. Mas essa força ela tinha que nascer espontaneamente da população. E nós, como autoridade, nós temos que dar respaldo aos anseios da população (palmas). Se a população achou por bem tomar conta dessas terras em vez de dá-la para os índios, nós temos que dar esse respaldo para o povo. Seria irresponsabilidade nossa se nós estivéssemos de braço cruzado, deixando as coisas correr naturalmente! Então o que nós devemos fazer é canalizar o anseio do povo e, baseado nisso, nós estamos aí. Não é a prefeitura que está levando o povo para dentro da gleba, a prefeitura nem colocou carro à disposição de ninguém, é o próprio povo que está entrando. Já tão demarcando as suas áreas, tomando as providências necessárias para ocupar a terra. Esta área ainda não foi passada a escritura para os índios, ainda é da fazenda. A fazenda afastou da questão, pelas nossas informações, nós já conversamos com o governador; o governador dará todo respaldo ao povo (palmas).

“E eu falei pro Dr. Renato Grillo que essa “ogeriza” do nosso povo em relação aos Xavantes é muito antiga. Os Xavantes, quando habitavam essa região, eles atacaram São Félix e mataram uma família. Os índios Karajá já também não aceitam os Xavantes, porque os Xavantes matavam os índios Karajá. O Xavante é um índio arrogante. Então eu disse pra ele que essa briga é antiga, não é de hoje. E ele nem sabia disso. Ele não sabia que os índios atacaram e mataram gente lá dentro de São Félix, na fazenda Caracol. Naquela época o povo também andou matando índio. Então os índios já deixaram a nossa região — estão numa reserva grande.

“Eu acho que vocês têm que se organizar, dentro da área, e essa reunião aqui seria pra escolher os líderes. Porque tudo tem que ter o mínimo de organização pra começar, tem que repeitar o direito do outro, o que chegou primeiro já marcou o seu lugar, o direito é dele… Nós temos que escolher – não eu em si, seria vocês, espontaneamente – escolher os líderes — que amanhã nós vamos ter que conversar com autoridades / que esse movimento só está apenas começando. Nós temos que escolher entre vocês, os posseiros, aqueles que vão representar os outros. Talvez tem uma reunião importante em Brasília, ou em Cuiabá, ou aqui mesmo, então teria que ter representantes dos posseiros, que não dá pra levar todo mundo. Então deveria ter os posseiros que iria representar – por grupo ou por região onde estão ocupando. Então eu acho que vocês deveriam, hoje, quando nós sairmos dessa reunião, já levar esses nomes dessas pessoas. Nós vamos deixar que vocês próprios escolham…

“Breve nós teremos uma reunião com esses representantes com autoridades, com diretores da empresa, talvez seria necessário nós irmos a Brasília, no Ministro da Justiça, no governador… Esse movimento tá começando, então vamos organizar. É esse o caminho ! e nós esperamos que vocês tenham sucesso, todos nós tenhamos sucesso e realmente NÃO aceitar o retorno dos índios! (palmas)

Eu vou passar a palavra — isso aqui depois quem quiser fazer o uso da palavra pode subir aqui e falar— Eu vou passar a palavra ao Dr. Ivair, que é advogado e ele poderá dar algum… (palmas)

IVAIR MATIAS (advogado em São Félix): “A maioria dos senhores aqui já nos conhecem de longa data. Estou nessa região há nove anos. Nós viemos de São Paulo para cá com a intenção de ajudar a construir esse Brasil novo que se implanta no coração do país. O Brasil tem ficado na região do litoral por longos anos e quem vê na televisão, vê as favelas apinhadas de brasileiros passando fome — e os senhores tiveram a coragem de sair desse grande centro, de esvaziar a cidade e vir para cá amansar a terra, de produzir o alimento, para matar a fome do mundo!

“Os jornalistas que aqui estão sabem muito bem, que no mundo inteiro se tem grave problema de alimentação. Na Africa, crianças disputam grão de arroz no meio do barro, no meio da terra, para comer e querem colocar o espaço total de 200 e tantos mil hectares de área produtiva para ficar servindo de ‘passeio’, de ‘área de passeio’ para os índios! Se eles não tivessem espaço físico para viver seria uma coisa louvável! Mas todos nós brasileiros sabemos: “os índios são os maiores latifundiários desse país”! Tem terra de sobra para viver! (palmas)

“Não podemos… o povo brasileiro é respeitador! Tanto é respeitador que aceitou estrangeiros, europeus terem esse imenso território implantado dentro do país e sempre respeitou. Agora, não podemos aceitar que lá de fora venham ditar os comportamentos e atividades do brasileiro, dentro da nossa própria casa! (palmas)

“Temos uma lei maior que rege os problemas sociais do nosso país que é a nossa Constituição Federal! No capítulo que ela trata dos índios, é muito claro o dispositivo da lei, no parágrafo 5º. do artigo 231. Diz o seguinte: “É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo ad referendum do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que põe em risco a sua população ou no interesse da soberania do país, após deliberação do Congresso Nacional”. Isso aqui é a vontade do povo brasileiro expressa numa Constituição Federal! Não vamos passar por cima daquilo que nós ditamos, como comportamento e regra de convivência para esse país! Não por vontade de alienígenas, de pessoas estrangeiras que vêm aqui para fazer esse movimento, para fazer cortesia com o nosso chapeuzinho, tá? (palmas).

“Nós sabemos que aí no meio dessa gleba tem muita gente enfiada aí e nós sabemos que às margens das rodovias desse país tem muitas famílias, lá, jogadas, esperando um espaço de chão para comer!… E vêm vindo por aí caravanas imensas de famílias! isto é um movimento irreversível! Aqueles que têm alguma chance, alguma esperança de ver concretizada essa reserva, ”pode tirar o cavalinho da chuva”… Isso está na mão dos senhores, os senhores precisam da terra, os senhores terão que lutar por ela! (palmas) De minha parte, os senhores terão a garantia, como advogado, no nosso ‘métier’, faremos todo o possível para dar respaldo aos senhores. Muito obrigado!

“Rambo da Floresta”, o FILEMON (COSTA LIMOEIRO): “Nós ajudamos até a todos os posseiros daqui serem localizados. Terminei de falar há pouco que o interesse meu é maior que certos grupos que vêm de fora, porque sou filho da região. Tenho amor a essa terra, meus familiares moram aqui. Meus amigos estão aqui. E vocês também são filhos da região. Nós não podemos – até como o “Baú” terminou de falar – respeitamos até o direito da propriedade, porque nós respeitamos isso aqui, a Constituição! MAS CHEGOU A UM PONTO… OU NÓS OU ELES!! E preferimos ser NÓS, porque nós que temos o direito! (palmas)

E esse direito, hoje de vocês que são posseiro; tem que ser respeitado também! Porque não admitiria se os Índios hoje estivesse aí e nós tivesse invadido eles aí eu seria contra! Agora, como nós não vamos admitir, que hoje é nós que estamos aqui e índio vem invadir aqui onde nós estamos! (palmas)

”Tem que haver o respeito com vocês entre posseiro e posseiro. Problemas de divisa? Vamos tirar de 22 alqueires! Foi combinado de 22 alqueires, que dá 100 hectares. Dá para uma família viver, os filhos viverem dela, plantando, que a terra é boa! Nós – falei há pouco tempo lá também – que hoje nós compramos tomate, cenoura, beterraba, pimenta, tudo de Goiânia! Porque lá tem terra boa que produz! Nós temos, na beira do rio, aqui é cerrado, terra aladagiça, que não produz nada! com uma área aqui que produz tudo! Mas como existia um dono, como tem um dono, nós respeitamos. Hoje, ia pra ser jogado na mão dos índios! Um direito que eu não sei onde acharam?!

“Dizer que aqui tem muito índio? aqueles que estão preocupados com os índios, que têm que assentar… tem um monte de país que não tem índio! pode levar a metade! pode levar! (palmas) pode carregarem, levarem! Eu perguntei – não! mas a gente tem que deixar uma reserva pra nós… aqui terminei de falar:

“Na Itália tem índio?”

“Não, não tem!

“Leva!! leva pra lá!! carrega pra lá! agora não vem jogar em nós não! Atrapalhar uma região, um município recém-criado aqui, se colocar índio aqui… (Acaba!) (Hay una… in Italia: non avemos anche latifondista! No indio ma no latifondista!) Ela disse: Lá não tem… lá não tem latifundiário, mas também não tem índio! Aqui também podia não existir latifundiário! Podia ter carregado e deixado também!

”Nós estamos aqui, tem uma área que é produtiva, eu acho que é anseio de todos vocês, adquirir esse pedacinho de terra. Nós não somos contra o índio! Tanto é que existe um monte de reserva pra lá! se quiserem, esses grupo que tão trabalhando aqui, nós ajuda com caminhão, põe caminhão à disposição, eu ajudo fretar, eu tenho caminhão, põe pra lá, pra carregar eles pra lá! Aqui não!

“Vamos respeitar, deixar esse povo que tá aqui querendo trabalhar, viver dessa terra, porque o índio vem pra cá, ele não vai produzir nada, porque vem pessoas com índio aqui e diz que não aconteceu, mas já começaram, e queimaram a casa do seu Osenir… Isso num dia que tiveram aqui, 15 dias, pegaram espingarda, carregaram farinha, apertaram o rapaz porque diz que acharam que ele que tinha matado não sei quem… Isso é brincadeira? nós não tamo no século quinze mais! estamos no século vinte! daí pra lá, gente (…)

“Nós não queremos – esse pessoal que tá de fora aqui – não queremos conflito, é… é… é… branco com índio, ninguém quer isso, ninguém quer! porque todos aqui têm família! todos querem ver suas famílias bem! num tá aqui pra brigar com índio, não! Então, pedimos a esse grupo que veio aqui com os índios, que transmitam isso aos índios! que respeitem agora o que é nosso, que é de vocês, que eles têm a área deles, que eles já tão feito o assentamento deles há muitos anos – há 32 anos eles já estão lá!

Que deixa essa área pro pessoal que está querendo trabalhar, que está querendo produzir! Porque amanhã, esse pessoal que veio de fora, daqui a 2 anos que venham visitar São Félix! venham visitar essa região produtiva! vocês não vão comer fruta de fora não! vão comer daqui, o arroz, o feijão, batata, é… abacaxi, manga, tudo é da região aqui, não vai trazer de fora não! é produzido aqui. Agora… o dia que eles produzir… se quiser, se for pra trabalhar… se os índios trabalhassem e produzissem, tudo bem! a gente ia respeitar o direito deles também! Só que eles vão atrapalhar a região, começar a invadir fazenda – que também já está desrespeitando o direito… – vai começar a matar gado, porque … mata? o Xavante não entra! Xavante é de cerrado! em mata ele não entra! ele tem medo de onça (risos). E os Karajá estão lá dentro, né? o Araguaia, tão lá… Então isso daí é muito ruim, é péssimo! é ruim pra nossa região, gente! E difícil trazer esses índios pra região! vai prejudicar uma região toda! pro pessoal que mora nos grandes centros, é muito fácil, ditar as normas de lá pra nós aqui… Agora, venha morar aqui em São Félix! venha sair na época de inverno daqui, gastar 3 dias em Barra do Garças! A maioria não vem, porque vem de avião… então é fácil. Agora pra esse povo que mora aqui, é difícil, é difícil! Todo mundo é sofredor, todo mundo tem seu problema. Então vamos respeitar o direito desse pessoal. Muito obrigado.”

O PREFEITO retoma a palavra:

“Só pra citar por exemplo, o jornalista que está aqui presente, a respeito das reservas indígenas, nós temos Areões, temos – tudo Xavante! – Areões, São Domingos, São Marcos… – e Parabubure, né? tem mais outra, são cinco! [Fazenda Xavantina] E… eu tou citando ela, Sangradouro.

Tão aqui dentro do nosso município, a reserva do Parque Nacional do Xingu é dois milhões e quatrocentos mil hectares. A Ilha do Bananal, que tá lá em frente a nossa cidade, que nós temos um convívio pacífico com… os Xavantes, são três milhões e seiscentos mil hectares de terra! Então os Xavantes, eles não vai ocupar isso aqui! Isso é um grupo pequeno, não justifica se eles voltar, se eles tentarem voltar, vai ter conflito sério! vai ser uma convivência muito difícil pra nossa população. [Pior que no início…] Então não tem a mínima possibilidade realmente do retorno desses Xavantes. E não é que nós estamos incentivando isso! Nós estamos canalizando a vontade do povo! Seria irresponsabilidade nossa, nós estar incentivando. Nos estamos “organizando” o povo, nós não poderia virar as costas! E quero até avisar para os posseiros, que nós temos que, acima de tudo, ter o mínimo de organização. Eu já encontrei com o Dr. Osmar [Delegado regional de polícia] , o ”Zé Careca” tá aí presente, ele vai fazer uma… a prefeitura vai ajudar a polícia com combustível e tudo… e de vez em quando vai andar aqui na área, não para prejudicar os posseiros! pelo contrário, para todo mundo sentir uma certa segurança, que a lei está cuidando, e que senão já começa já conflito de posseiro com posseiro!… Igual outro dia eu cheguei aqui… diz que uns tavam… falou com o outro, se ele entrar ali, ele ia dar uns tiros, não sei o que… então isso não pode acontecer. Se alguém uma hora se sentir ameaçado [confusão de vozes] … nesses casos aí recorre às autoridades (…) E passa lá pro seu povo (fala) que nós aqui não queremos briga…”

MAZIM: “É o seguinte, né? como o Filemon falou, a gente tem um projeto pra fazer a cidade aqui no Posto da Mata. E o seguinte, eu tô entrando em contato com Ariosto da Riva, viu? eu liguei lá, ele não estava na casa dele, eu tô novamente em contato com ele, né? E que ele tinha um sonho de fazer essa cidade aqui e parece que ele já tem o mapa já planejado da cidade aqui no Posto da Mata! Então eu quero avisar a todos aqueles que estão aqui com propriedade aqui nesta área— de três quilometro pra cá, e três pra lá , e três pra lá e três pra cá — que isso aí (não) vai ficar respeitado porque vai ser a área da cidade. Depois de loteado, derrubado, aberto as ruas, daí sim vai ser assentado o pessoal, os comércio, as indústria, né? os banco, as igreja, as praça… tudo isso aí! Então a gente…

”Outra coisa, nós temos aí já em fase de conclusão a criação do territério do Araguaia. Hoje tem uma cidade cotada para ganhar a capital. – Atenção, gente! atenção aí! – tem uma cidade cotada para ganhar a capital que é Confresa. Mas eu duvido que se o Posto da Mata tiver a cidade aqui, se nós não ganha a capital aqui pro Posto da Mata! que se chamará, através de alguns pedido e de pessoas que estão ajudando nós, né, a “cidade dos posseiros”! o nome já coloquei!

“Vamos respeitar essa área da cidade, viu? vamos respeitar porque depois vai dar problema, vamos respeitar o direito do outro, cada um vai tirar seu 22 alqueire, não ultrapassar aquilo… eu acho que aquele que está sem terra é algum que tirou mais de duas, três posse, pode pegar a posse dele, conversá com ele, conversá com o líder de sua região e pegá! Daqui pra pouco tá cheio de latifúndio aqui de novo e tá o pessoal precisando trabalhar e sem ela pra trabalhar! tem gente que tem muitas áreas já! tem que reservar! Por exemplo, eu tô aqui pra dar apoio pra vocês, né? junto com o “Baú”, o Filemon, né? naquilo que vocês decidirem, né? E não tirei nenhuma posse não! não porque eu não quis, é por causa do tempo também, né? Mas eu quero tirar um pedaço pra mim também, certo?

”Então a gente quer, né? a gente quer ver agora… atenção! os líder! Já foi avisado pra todo mundo, essa área aqui do Posto da Mata até o Alto da Boa Vista, NÃO PODE ENTRAR PORQUE PODE DAR PROBLEMAS PRA NÓS! Nós estamos distribuindo o mapa, vamos pagar o líder, vamos dar um mapa para cada líder, pra ele saber. Que o negócio tá mais ou menos organizado por parte de vocês, porque senão a gente fica sem força, pra poder estar ao lado de vocês e defender vocês!”

PREFEITO: “Quanto a essa área de “reserva”, pessoal, é porque… NESSA NEGOCIAÇÃO QUE NÓS FIZEMOS COM A FAZENDA, eles pediram pra não mexer aqui nessa área (atenção) pra não mexer nessas área, porque a fazenda ainda tem muita coisa aí, tem gado, tem tudo! aqui é um outro título, que tem uns três proprietário – aqui é tudo da Liquigás, mas empresas diferentes – e eles, até o desfecho de tudo, eles quer manter as coisas deles. Então nós devemos respeitar, porque eles não vão mexer com vocês! Já conversamos com o governador, o governador também não vai mandar polícia!… Não tem nada, podem ficar tranquilo.”

LADO B

PREFEITO: “… área. aqui dentro… eu não sou posseiro aqui, o Filemon acho que também não vai mexer com isso… (falas) Então nós não tamos mexendo, né? E também tamo fazendo isso, nós não tamos ganhando nada… nós queremos ajudar o povo… né? (risos) que nós realmente não queremos índio aqui, porque senão ia desvalorizar toda a região! Então era isso! Eu acho que nós devemos passar a palavra pra algum líder, alguma pessoa que queira falar, algum posseiro, alguma pessoa que tenha experiência…”

LOCUTOR: – “Espera um pouquinho só aqui, doutor! quer dizer que esses… esses índios, se eles vier pra cá, não tem problema mais deles apossear dessas terras que tá “liberada” pela… “Suiá”?

PREFEITO: – “Você fala a Suiá?…

LOCUTOR: – “Mas não tem área pra índio não?”

PREFEITO: Não! A área agora é do povo!… Outra coisa, os índio pode teimar e vim! Então, cheia de gente, vocês segurando duro/ vocês viram os repórter! a hora que eles souberam do movimento, vieram correndo… O pessoal ligou pra mim: – “Oia, tá indo um pessoal aí, mas já foram embora…” A hora que viram a manifestação de vocês, já pegaram a trouxinha e tão indo… Mas nós temos que ficar atento pra ver o que eles vão fazer… esse povo não é da fazenda… Esse pessoal não é da fazenda.

MAZIM: “Se os índios vier, qual providência a gente pode tomar?

PREFEITO: “Olha, nós não podemos falar! Eu acho que tem que fazer um barulhão desgraçado!! (risos)… porque senão… (risos) Eu não vou falar não!”

(posseiro…)

MAZIM: “Nós temos um mapa (ver foto 3) que tem todas as áreas, fotografia de satélite, tem todas as áreas… Essa é a área da fazenda… né? A gente fez um mapa menor, né? um mapa… a gente tem um mesmo mapa, ele menor (‘péra aí, Filemon’)… Então é o seguinte: é muito importante cada região apresentar os seus líderes- , quanto mais rápido possível, se for agora, melhor! entendeu? pra gente poder ter essas decisões! A gente vai passar um mapa desses, pra orientar, né? o pessoal que vai entrar… quanto que pode… dar pra cada pessoa… quanto cada pessoa pode tirar… Então vamos apresentar o líder… cada região que tá entrando aí… apresentar um líder! Como representante… viu? e um mapa desse aí vai ficar, né? vai ficar na mão de cada líder… E as decisões que foram tomadas vai passar por líder… o líder vai passar pra região dele, pros posseiros da região dele… E só isso.

FILEMON (OFF): “Manda reunir lá fora!”

MAZIM: “Neste momento agora estive reunido aí, a gente já quer que venha aqui, pra trás do carro… pra gente conversar… o líder de cada região, tá? E eu quero agradecer a presença de vocês… Agora queria dizer o seguinte: que nós temos caboclo bom também lá da… do Bom Jesus já na “linha de frente” ali na “Guanabara”… eu acho que a gente tem que tá disposto a qualquer coisa! Eu até… Nossa! … disposto a qualquer coisa! e vamos garantir isso aí pra cada trabalhador, pra cada pessoa que quer levar o progresso pra nossa região! Muito obrigado, vou passar a palavra pro “Paraíba”.

Compartilhado por Ana Paula Sabino. Fonte: http://maraiwatsede.org.br.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.