Carta-denúncia do Centro Acadêmico de Filosofia Gerd A. Bornheim sobre invasão da PM na UFRJ

O Centro Acadêmico de Filosofia Gerd A. Bornheim vem por meio desta, repudiar a forma constrangedora pela qual a polícia invadiu nosso campus no dia 23/01. Primeiramente, a invasão foi realizada de maneira arbitrária, com a finalidade de uma suposta “investigação” de uso – tráfico – de entorpecente.

No entanto, tal “averiguação” não tinha inquérito e mandato, somente sendo pautada por uma denúncia anônima. Fato que nos faz suspeitar até da veracidade da origem da ocorrência pois, provavelmente, uma investigação séria não teria resultados tão espalhafatosos, acarretando uma injusta criminalização do espaço e de um grupo, além, de estigmatizar um estudante cuja inocência, muito dificilmente, vai ter a mesma repercussão.

Aliás, constataram que não existe tráfico no CAFIL. Em relação à denúncia do  consumo de drogas ficou claro como nossa Universidade é anacrônica, não acompanhando as discussões progressistas sobre a descriminalização, cujo vício é visto como caso de saúde pública e não de polícia.

Outro problema é que a invasão foi realizada sem a autorização da reitoria. Conseqüentemente, esta entrada acarreta duas questões. A primeira é relativa à autonomia universitária sendo quebrada, como no ano passado, em prol dos interesses do Bradesco. A outra problemática é a nossa segurança. Qualquer grupo armado pode entrar no prédio indiscriminadamente? Outra indagação possível é se a entrada deste grupo armado – sem a presença de agentes de segurança – poderia ter sido facilitada por alguém influente?

Mais um ponto, é qual o interesse por traz da denúncia? Acontecem que o CAFIL é palco de interesses, políticos (gestão), econômicos (Xerox) e outros. Todos perpassam pela formação da opinião pública. Também não podemos menosprezar a possibilidade de vingança, no qual um indivíduo – ou grupo – pode ter feito uma calúnia para provocar uma vingança. Desse modo, ratificamos que é muito justo que o autor da denúncia seja investigado igualmente. Em suma, repudiamos a criminalização de entidades acadêmicas e estudantes para fins políticos e/ou privados. Analogamente, qualquer ideólogo que aparelha nosso espaço público, fazendo da sala de aula balcão de negócios, caluniando o movimento estudantil e estudantes para propagar ideologias e apologias de organizações liberais, Exército e Igreja Católica.

Enviada por Mônica Lima.

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