Aldeia Maracnã: Projeto universitário apoia causa indígena no Rio de Janeiro

João Gurupy fez críticas ao governo de Sérgio Cabral, governador do estado do Rio de Janeiro (Rafael Souza/The Epoch Times)

Rafael Souza

RIO DE JANEIRO: Nesta quinta-feira (24) foi realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) o primeiro encontro de 2013 do Projeto Conversas ao cair da tarde. O tema em discussão no evento  foi a causa dos índios da Aldeia Maracanã que sofrem com os interesses do governo em relação às obras para a Copa do Mundo de 2014.

O governo quer expulsar os índios da Aldeia, que fica próxima ao Estádio do Maracanã, e derrubar o histórico prédio do Museu do Índio para a construção de um estacionamento e de áreas comerciais, seguindo o cronograma de obras para a Copa. A FIFA não exigiu a construção desses espaços.

Além de ter como objetivo o esclarecimento e apoio à causa dos índios da Aldeia Maracanã, o evento contribuiu com doações de alimentos não perecíveis e materiais de limpeza para os índios da Aldeia.

“Este é um projeto voltado para discussões em torno de assuntos relacionados à Educação. Além da causa da Aldeia Maracanã, nós temos vários outros projetos como a dos universitários que estão presos, no cárcere, estudando na UERJ, nós trabalhamos com vários projetos inclusivos. Todo mês acontece uma edição do projeto”, afirmou Socorro Calháu, coordenadora do Projeto e da extensão da Faculdade de Educação da UERJ.

Questionada sobre uma segunda edição do evento, Socorro acenou com a possibilidade: “Vamos ver, conforme a necessidade, vamos continuar mobilizados,[…] continuaremos a ir na Aldeia levando ajuda, alimentos…”

O evento contou com a participação de estudantes, professores, representantes da Aldeia e de outras universidades como Marcos Barreto, representante do mestrado em Memória Social da Unirio. Para Marcos, há muito preconceito em relação à questão indígena e falta de mobilização de algumas pessoas do movimento negro.

“Há muito preconceito, pois para muitos ‘Índio é no lugar de índio’, índio tem que estar lá no meio do mato… Por quê? Você tem que estar? Por que os índios não podem agregar outros valores sem perder sua cultura? A primeira coisa que pensamos é que o índio tem que viver de tanguinha e arco-e-flecha pra cima e pra baixo lá no meio do mato, não pode estar na cidade, não agrega em nada. Falta também uma mobilização de algumas pessoas do movimento negro que sofrem tanto preconceito quanto os índios”, disse Marcos.

Segundo Namara Gurupy, advogada e representante do movimento Conquista do Espaço do Museu do Índio, o próximo passo para evitar a derrubada do Museu é o reconhecimento pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional) para que o Museu seja tombado como patrimônio histórico nacional dos povos indígenas do Brasil. “Isso tudo está sendo resolvido internamente. Houve uma tentativa anterior, mas foi negado”, afirmou.

Segundo ela, inclusive, já foi contratada uma empreiteira por parte do governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, para a derrubada do prédio. “A notícia que temos é que o prédio já foi vendido, mesmo com os índios dentro, e que a empreiteira receberá pela demolição uma quantia muito alta, em milhões. Estamos aguardando a qualquer momento a chegada da tropa de choque, mais uma vez, já que é assim que está funcionando as determinações do governador e ao mesmo aguardando o reconhecimento nacional, mobilizando, conscientizando as pessoas, fazendo elas entenderem a importância, o que significa aquele espaço, pois as autoridades desconhecem, ignoram a verdadeira história”, finalizou.

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