Mais um “presente” da Vale em Carajás: Projeto de mineração no Pará vai destruir 35 sítios arqueológicos que podem conter rastros de povos pré-colombianos

Caverna nas montanhas de Carajás examinada por espeleologista da Vale. Foto: Lalo de Almeida para o The New York Times

A iminente destruição de 35 sítios arqueológicos na região amazônica com a ampliação do Projeto Ferro Carajás, da empresa Vale do Rio Doce, foi denunciada nesta semana por reportagem publicada no jornal The New York Times, traduzida no Brasil por O Globo. A área explorada pela mineradora fica no sudeste do Pará e contém 187 cavernas de interesse histórico, que podem ter vestígios de povos pré-colombianos que passaram por ali há mais de 8 mil anos. A Vale, cujo maior interesse neste caso é a venda de liga de ferro para a fabricação de aço pela indústria chinesa, contratou especialistas para avaliar a importância dos sítios e chegou a modificar o plano original de exploração de minério após o laudo.  Do total de cavernas na mira da eliminação, 24 seriam enquadradas pela própria empresa como de ‘alta relevância’. A Vale está investindo US$ 20 bilhões na empreitada que visa criar 30 mil empregos.

A discussão é polêmica e não há estudos arqueológicos aprofundados a respeito das cavernas, ou uma legislação nacional que assegure a proteção do patrimônio ambiental. Pelo menos, não ainda: já fazem 20 anos, por exemplo, que circula na Câmara um projeto de lei que propõe a “proteção das cavidades naturais subterrâneas”. Ele permanece fora da ordem do dia nas discussões políticas. No que diz respeito ao âmbito histórico e cultural, os sítios são protegidos pela Lei nº 3.924/61, considerados bens patrimoniais da União. Para contornar a regra, a empresa afirma que preservará sítios em outras áreas do Pará em compensação à perda de algumas grutas de Carajás.

Saiba mais aqui (versão original: Brazil Expands Mines to Drive Future, but Cost Is a Treasured Link to Its Past)

Enviado para Combate ao Racismo Ambiental por Sonia Mariza.

http://www.revistadehistoria.com.br/secao/nota/patrimonio-em-perigo-11

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.