Frevo é aprovado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade

A candidatura do Frevo – Expressão Artística do Carnaval do Recife foi aprovada como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade durante a 7ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, realizada na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) , na última quarta-feira (5).

A ministra da Cultura, Marta Suplicy,  a presidenta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Jurema Machado e autoridades brasileiras estiveram presentes na solenidade. Suplicy comemorou o resultado: “É extremamente importante a escolha do frevo. Ele é uma força viva. Para nós, o frevo junta dança, música, artesanato. É um enorme orgulho, ter todas estas capacidades reconhecidas.”. A ministra ressaltou, também, que “ter essa possibilidade de reconhecimento em nível internacional, ajuda manter e preservar nossa riqueza”.

Jurema Machado explicou que o frevo foi inscrito pelo Iphan no Livro de Registro das Formas de Expressão, em fevereiro de 2007. Esse é o primeiro passo para todo o trâmite que se encerrou com a aprovação do frevo como Patrimônio Imaterial da Humanidade no dia de hoje: “Toda tramitação de candidatura é baseada na convenção existente, um conjunto de normas divididas em categorias. O país interessado prepara um dossiê dentro das regras, há uma análise técnica por órgãos que assessoram a Unesco, depois vai à plenária para votação”. “O reconhecimento sempre dá maior visibilidade e salvaguarda de proteção para os bens, tanto nacional quanto internacionalmente.” completou Jurema.

De acordo com a Unesco, essa categoria “refere-se a práticas e expressões transmitidas de geração em geração tais como tradições orais, artes performáticas, práticas sociais, rituais e eventos festivos”.

Ritmo típico do carnaval – É uma forma de expressão musical, coreográfica e poética, enraizada no Recife e em Olinda, no Estado de Pernambuco. Trata-se de um gênero musical urbano que surgiu no final do século XIX, no carnaval, em um momento de transição e efervescência social como uma forma de expressão popular nessas cidades. O frevo é formado pela grande mescla de gêneros musicais, danças, capoeira e artesanato. É uma das mais ricas expressões da inventividade e capacidade de realização popular na cultura brasileira. Possui a capacidade de promover a criatividade humana e também o respeito à diversidade cultural. As bandas militares e suas rivalidades, os escravos recém-libertos, os capoeiras, a nova classe operária e os novos espaços urbanos foram elementos definidores da configuração do frevo. Do repertório eclético das bandas de música, composto por variados estilos musicais, resultaram suas três modalidades, ainda vigentes: frevo de rua, frevo de bloco e frevo-canção. Desde suas origens, o frevo expressa protesto político e crítica social em forma de música, dança e poesia, constituindo-se em símbolo de resistência da cultura pernambucana e expressão significativa da diversidade cultural brasileira.

O frevo se concentra nos bairros centrais do Recife (considerados o território embrionário do frevo), no Sítio Histórico de Olinda e bairros olindenses de Águas Compridas, Bairro Novo, Caixa D’água, Jardim Atlântico e Peixinhos. O frevo ocorre, também, em outras cidades brasileiras: Brasília, Campina Grande, João Pessoa, Maceió, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador.

Outros – A cerâmica de Botsuana, o artesanato indonésio, a confecção de tapetes tradicionais no Quirguistão e a música e dança de pessoas do povo Busoga, em Uganda, são também os novos elementos adicionados à Lista de Patrimônio Cultural Imaterial em Necessidade de Salvaguarda Urgente.

Segundo a Unesco, a importância do patrimônio cultural imaterial não é a manifestação cultural em si, mas “a riqueza de conhecimentos e competências que são transmitidos através dele de uma geração para a outra.”

A habilidade para a confecção de cerâmica de barro no Distrito Kgatleng, em Botsuana, por exemplo, está em risco de extinção em razão da diminuição do número de mestre oleiros, dos preços baixos para produtos acabados e do uso crescente de recipientes produzidos em massa. Da mesma forma, as bolsas de tecidos criados pelo povo Papua da Indonésia enfrenta uma forte concorrência a partir das bolsas fabricadas industrialmente.

No Quirguistão, a tradicional arte de confecção de tapetes de feltro também corre o risco de desaparecer uma vez que a empresa comunitária, frequentemente liderada por mulheres em comunidades rurais e de montanha, lamenta a diminuição do número de praticantes e a falta de salvaguarda governamental. A Bigwala, música e dança tradicional do Reino Busoga, em Uganda, também enfrenta uma ameaça à sua sobrevivência, com apenas quatro mestres mais velhos que ainda a praticam.

Antes do término da sessão atual, na sexta-feira (7), os especialistas deverão avaliar ainda outras duas indicações – da China e do México – para possível inclusão na lista de patrimônio imaterial.

http://www.palmares.gov.br/2012/12/frevo-e-aprovado-como-patrimonio-cultural-imaterial-da-humanidade/

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