Dia Nacional do Samba: reverência a uma das manifestações culturais mais populares do Brasil

Instituído para homenagear uma das manifestações culturais mais populares do Brasil, o Dia Nacional do Samba é comemorado nacionalmente há 49 anos. Para celebrar a data – 02 de dezembro –, a história e a cultura desse estilo musical de raiz africana, a Fundação Cultural Palmares organizou uma programação que se estenderá pelo mês de dezembro em três capitais brasileiras: Brasília, Rio de Janeiro e Campo Grande.

A capital do Mato Grosso do Sul receberá a cantora e sambista Leci Brandão em um show gratuito que será realizado na comunidade São Benedito – Tia Eva, no  domingo (2), à meia-noite. Antes do show de Leci, a festa será animada por grupos de samba de raiz, gafieira e passistas de escolas de samba da cidade.

No dia 15 de dezembro, será a vez dos cariocas e dos brasilienses receberem artistas consagrados no estilo que se tornou uma das principais manifestações culturais populares brasileiras. Estão previstos shows com Diogo Nogueira, Mart’nália e Ney Lopes. A programação completa será divulgada no portal da Palmares nos próximos dias.

Dia Nacional do Samba – A data foi criada em homenagem a Ary Barroso, pela composição da música  “Na Baixa do Sapateiro” e marcou a primeira visita dele à Salvador.

Inicialmente, o Dia do Samba era comemorado apenas na capital soteropolina, mas acabou transformado em data nacional e hoje é comemorado em shows e festas, onde todos os participantes reverenciam o gênero musical genuinamente brasileiro.

No Brasil, acredita-se que o termo “samba” foi uma corruptela de “semba” (umbigada), palavra de origem africana – possivelmente oriunda de Angola ou Congo, de onde vieram a maior parte dos escravos para o Brasil.

Um dos registros mais antigos da palavra apareceu na revista pernambucana O Carapuceiro, datada de fevereiro de 1838, quando Frei Miguel do Sacramento Lopes Gama escrevia contra o que chamou de “samba d’almocreve” – ou seja, não se referindo ao futuro gênero musical, mas sim a um tipo de folguedo (dança dramática) popular de negros daquela época. De acordo com Hiram da Costa Araújo, ao longo dos séculos, as festas de danças dos negros escravizados na Bahia eram chamadas de “samba”.

Tombamento – O Samba Carioca foi proclamado Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no dia 30 de novembro de 2007. Surgido de influências do samba de roda do Recôncavo Baiano, na segunda metade do século XIX, tem características próprias: é acompanhada por pequenas frases melódicas e tem refrões de criação anônima.

No Brasil as matrizes do samba tombadas pelo Iphan são o “partido alto”, “samba de terreiro” e o “samba de enredo” do Rio de Janeiro e o “samba de roda do Recôncavo Baiano”. Fazem parte do Livro de Registro das Formas de Expressão, que compreende como patrimônio bens de natureza material e imaterial da identidade cultural brasileira.

Principais tipos de samba

Samba de raiado – Foi um sub-gênero musical do samba trazido à cidade do Rio de Janeiro pelas “tias baianas” no início do século XX. Era uma variante do samba-de-roda e era sempre acompanhado por palmas e pelo ruído forte e estridente de pratos de louça raspados com facas de metal.

Samba-corrido – Também conhecido como samba-de-primeira, é uma variante do antigo samba existente na Bahia, sem segunda parte, cronologicamente intermediário entre o samba primitivo rural e o moderno samba urbano.

Samba-chulado – É uma variante do samba existente na Bahia de melodia mais complexa e extensa que o samba-de-roda comum, no qual se entremeiam verso da tradição popular. No samba-chulado, os participantes não sambam enquanto os cantores gritam a chula – uma forma de poesia. A dança só tem início após a declamação, quando uma pessoa por vez samba no meio da roda ao som dos instrumentos e de palmas.

Samba de roda – É uma variante musical mais tradicional do samba, originário do estado brasileiro da Bahia, provavelmente no século XIX. O estilo musical tradicional afro-brasileiro é associado a uma dança, que por sua vez está associada à capoeira. É tocado por um conjunto de pandeiro, atabaque, berimbau, viola e chocalho, acompanhado principalmente por canto e palmas.

Samba-Maxixe – Foi um gênero musical que fundia o samba ao maxixe e existiu durante as primeiras décadas do século XX. O samba-maxixe foi assim chamado para nomear composições que eram consideradas simplesmente como samba, mas que na verdade misturava o maxixe, tornando este samba um tanto amaxixado. Exemplo disto é a inserção do piano ou às vezes algum instrumento de sopro mais agudo como a flauta ou o clarinete. É um samba pouco comum aos tocadas nas casas das tias baianas. O samba-maxixe “Pelo Telefone” (registrado por Donga) é considerado o primeiro samba gravado na história da música brasileira

Samba de partido-alto – É um estilo de samba, surgido no início do século XX dentro do processo de modernização do samba urbano do Rio de Janeiro. Tem suas origens nas umbigadas africanas e é a forma de samba que mais se aproxima da origem do batuque angolano, do Congo e regiões próximas.

Em linhas gerais, o partido-alto do passado seria uma espécie de samba instrumental e ocasionalmente vocal (feito para dançar e cantar), constante de uma parte solada, chamada “chula” (que dava a ele também o nome de samba raiado ou chula-raiada), e de um refrão (que o diferenciava do samba corrido). Já o partido-alto moderno seria uma espécie de samba cantado em forma de desafio por dois ou mais contendores e que se compõe de uma parte de coral (refrão ou “primeira”) e uma parte solada com versos improvisados ou do repertório tradicional, os quais podem ou não se referir ao assunto do refrão. Atualmente, costuma ser acompanhado violão, cavaquinho, pandeiro, surdo, agogô e outros instrumentos de percussão.

Samba-canção – Surgiu no final da década de 1920 no seio da modernização do samba urbano do Rio de Janeiro, quando este iniciava seu processo de distanciamento do maxixe. Também chamado de “samba de meio de ano” (ou seja, sambas feitos fora da época de Carnaval), em linhas gerais, o samba-canção faz uma releitura mais elaborada na melodia – enfatizando-a – e possui um andamento moderado (o mais lento dentro das vertentes do moderno samba urbano), centrado em temáticas de amor, solidão e na chamada “dor-de-cotovelo”. O samba-canção desenvolveu-se a partir de músicos profissionais que tocavam em teatros de revista cariocas. “Linda Flor (Ai, Ioiô)”, do compositor Henrique Vogeler e dos letristas Marques Porto e Luís Peixoto, é considerado o marco inaugural desse estilo de samba.

Samba-Choro – É um subgênero musical surgido na década de 1930 resultante das fusões dos elementos rítmicos e da formação instrumental do samba com o choro, ambos gêneros musicais da música popular brasileira. Samba-choro inclui tanto os samba-choros cantados (geralmente denominados apenas como sambas) quanto os instrumentais (geralmente denominados apenas como choros).

Samba-sincopado – É um estilo de samba que acentua à síncopa do gênero musical. É por vezes chamado também de “samba do telecoteco”. É um tipo de samba muito relacionado ao samba-choro, pois ambos enfatizam o virtuosismo musical, com melodias elaboradas e ritmo quebrado. É considerado samba-sincopado, por exemplo, aquele de fraseado sinuoso, rico em notas e acentuadamente gingado, com divisões rítmicas ziguezagueantes. Com relação às temáticas e à inflexão linguística, costuma aproximar-se do samba-de-breque, que resulta da exacerbação da ginga e do humor, cujas letras apresentam caráter humorístico e paradas repentinas, nas quais o cantor introduz comentários falados, referentes ao tema cantado.

Samba-de-breque – A principal característica do estilo é a pausa no acompanhamento acentuadamente sincopado para uma intervenção declamatória do intérprete.[1] Estas paradas bruscas são chamadas breques, designação abrasileirada do inglês break, ou seja, para os freios de automóveis. Os “breques” são frases apenas faladas que conferem graça e malandragem.

Samba-enredo – É um sub-gênero do samba moderno, surgido no Rio de Janeiro na década de 1930, feito especificamente para o desfile de uma escola de samba. Anualmente, as escolas de samba costumam promover concursos internos, onde várias músicas são apresentadas ao público em suas quadras, onde ao final, normalmente entre os meses de setembro e outubro, uma delas é escolhida como samba-enredo oficial para o Carnaval do ano seguinte. Algumas vezes, opta-se por fundir dois ou mais sambas-enredo que sejam do agrado dos membros da escola.

Samba-de-terreiro – Surgiu na década de 1930 nos terreiros (atuais quadras) das primeiras escolas de samba do Rio de Janeiro. Geralmente, um samba-de-terreiro retratava o cotidiano dentro das comunidades onde se localizavam as escolas de samba cariocas.

Embolada – Também conhecido como Coco de embolada, Coco-de-improviso ou Coco de repente, é uma espécie de arte surgida no nordeste, onde é especialmente popular. Consiste em uma dupla de “cantadores” que, ao som enérgico e “batucante” do pandeiro, montam versos bastante métricos, rápidos e improvisados onde um tenta denegrir a imagem do que lhe faz dupla com versos ofensivos, famosos pelos palavrões e insultos utilizados. O ofendido deve improvisar uma resposta rápida e ao mesmo tempo bem bolada. Caso não consiga, seu par é coroado triunfante. Não deve ser confundido com cantoria onde a música e a resposta são lentas, melodiosas e o tema principal é a vida cotidiana.

Samba de Gafieira – O samba de gafieira, enquanto gênero musical inclui o samba-choro (especialmente o chamado choro de gafieira), o samba de breque e o samba sincopado.

Sambalada – Foi um sub-gênero musical surgido a partir do início da década de 1950 e derivado diretamente do samba-canção. A sambalada era uma espécie de samba-canção em ritmo mais lento, semelhante aos das músicas comerciais estrangeiras lançadas no mercado brasileiro de época (como o bolero e a balada, por exemplo), sob o nome genérico de baladas.

Bossa Nova – De início, o termo era apenas relativo a um novo modo de cantar e tocar samba no final dos anos de 1950, ou seja, a uma reformulação estética dentro do moderno samba carioca urbano. Com o passar dos anos, a Bossa Nova tornou-se um dos movimentos mais influentes da história da música popular brasileira conhecido em todo o mundo.

Sambalanço – Surgiu no início da década de 1960 em boates de São Paulo e do Rio de Janeiro.[1] É considerado um sub-produto da Bossa Nova, um estilo intermediário entre o samba tradicional e a Bossa Nova, é caracterizado pelo deslocamento da acentuação rítmica e recebeu uma grande influência do Jazz. Foi muito difundido nos bailes suburbanos nas décadas de 60 a 80. Um dos mais significativos representantes do sambalanço é Jorge Ben Jor.

Samba-reggae – nasceu da difusão do Samba Duro (uma variante do Samba de Roda) com o Reggae e o Funk apresentando dois tambores, um pandeiro, um atabaque, uma guitarra ou viola eletrônica no lugar do cavaquinho e instrumentos da música latina, com forte influências do Merengue, da Salsa e de candomblé. O samba-reggae surgiu entre 1986 e 2000 na Bahia, criado pelo maestro Neguinho do Samba. Foi divulgado a partir de manifestações musicais de Margareth Menezes e Daniela Mercury cantores famosos de Axé Music e da antiga mistura entre olodum e reggae, que se espalhou pelo Brasil e pelo Mundo.

Pagode – Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, nos anos 70 (década de 1970), e ganhou as rádios e pistas de dança na década seguinte. Tem um ritmo repetitivo e utiliza instrumentos de percussão e sons eletrônicos. Espalhou-se rapidamente pelo Brasil, graças às letras simples e românticas.


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