Entidades dizem que PF começou abusos contra índios em Mato Grosso

Mauricio Curvinel | Redação 24 Horas News

Uma representação assinada por 116 organizações e entidades da sociedade civil denuncia que a Polícia Federal cometeu violações e abuso de autoridade contra os dos índios Munduruku, na aldeia Teles Pires, na semana passada, durante  operação ficaram feridos dois policiais e seis indígenas, além de uma suposta morte, a do índio Adenilson Kirixi Munduruku, morto com três tiros. As entidades pedem investigação sobre a atuação da Polícia Federal.

Um pedido de investigação independente foi encaminhada ao Ministério Público Federal.  Para as entidades que assinam o documento, “a Polícia Federal é incapaz de conduzir de forma imparcial e eficaz o inquérito policial sobre a desastrosa ação”.

O documento traz um relato dos indígenas sobre o que ocorreu no dia 07 de novembro de 2012 na aldeia Teles Pires, na divisa dos estados do Pará e Mato Grosso. “A Polícia Federal chegou à aldeia fazendo voos rasantes de helicóptero, de voadeira e disparando projéteis de borracha, o que assustou os indígenas, entre eles idosos, crianças e mulheres”,  e que, segundo as entidades, provocou a reação dos guerreiros com arcos e flechas. 

“O uso da força policial foi desproporcional a qualquer possível reação ocorrida, os indígenas portavam arco e flecha enquanto os policiais, armas de fogo” – diz a representação. Ela relata que os federais dispararam contra os indígenas, “resultando em diversos feridos e na execução de uma liderança indígena”. Adenilson Munduruku foi encontrado pelo seu povo com três tiros, um na cabeça e um em cada uma das pernas. “Indígenas afirmam que quando o corpo caiu na água a Polícia Federal atirou bombas contra ele na tentativa de destruí-lo” – denuncia.

O documento acrescenta: “Na aldeia, a PF ainda arrebentou portas e revistou moradias, intimidando os indígenas e causando pânico. Soma-se a isto as explosões no rio Teles Pires, que destruíram inclusive as embarcações de pesca e de locomoção do povoado. Diante disso, crianças corriam sozinhas com medo para floresta com a finalidade de se refugiar e mulheres foram humilhadas e sofreram ofensas dos agentes federais”, diz a carta.

De acordo com as entidades que protocolaram a denúncia, até o presente momento a aldeia está com dificuldade de manter a autonomia alimentar, porque os equipamentos de caça e pesca foram destruídos e confiscados pela polícia federal. Entre os signatários do documento estão sindicatos, associações indígenas, associações de classe, entidades estudantis, partidos políticos e movimentos sociais da Amazônia e de todo o país.

Junto com a representação, as entidades encaminharam um manifesto em solidariedade à aldeia Teles Pires. Os dois documentos foram encaminhados à Procuradoria da República em Santarém, que tem atribuição para atuar junto aos índios Munduruku.

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