Mais uma estudante indígena diz que foi discriminada durante o Enem

A estudante Terena Gislene Dias Bernardo, de 18 anos afirma que quase não conseguiu realizar a prova no domingo (4) na Escola Municipal Porfíria Lopes do Nascimento, em Sidrolândia

Gabriel Neris

A estudante Terena Gislene Dias Bernardo, de 18 anos, acusa responsáveis pela aplicação da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de discriminação. A jovem afirma que quase não conseguiu realizar a prova no domingo (4) na Escola Municipal Porfiria Lopes do Nascimento, em Sidrolândia, município localizado a 71 km de Campo Grande.

A estudante conta que no sábado, primeiro dia de provas do Enem, fez a prova naturalmente, sem qualquer anormalidade. Porém, no dia seguinte, afirma, houve confusão. Segundo Gislene, ao entrar na sala de aula, a estudante iria assinar a lista de presença e apresentar o documento pessoal. Mas o responsável pela aplicação da prova não teria aceitado a identidade indígena de Gislene como documento oficial.

A estudante foi encaminhada para a coordenação. A servidora pública da Secretaria Municipal de Sidrolândia Elaine Cristina Alves Batista, segundo a jovem, teria afirmado que ela “não poderia fazer a prova”. A mulher teria dito a ela que a jovem não iria fazer a prova, que a nota tirada no Enem não valeria por causa da identidade indígena.

O policial que fazia a ronda no local foi chamado para conter a confusão. Entretanto, Gislene também acusa o militar de discriminação. “Ele disse que índio só sabe invadir terra dos outros”, reclama. Ela afirma que o episódio também envolveu outros seis indígenas. “Teve gente retirada dentro da sala de aula”, conta. A jovem disse que conseguiu fazer a prova somente com a intervenção do vice-cacique Elizur Gabriel, da aldeia Córrego do Meio.

De acordo com Gislene, a esposa do vice-cacique foi uma das pessoas barradas para fazer a prova. Ela diz que acionou o MPE (Ministério Público Estadual) e a Funai (Fundação Nacional do Índio), registrou boletim de ocorrência, e pretende mover duas ações por discriminação e danos morais. A indígena conta que pretende ser fonoaudióloga. Esta foi a primeira vez que prestou o Enem e disputa a vaga pelo sistema de cotas.

A reportagem do Campo Grande News  entrou em contato com Elaine Cristina Alves Batista, porém ela está impedida de dar entrevistas por ter assinado um termo de sigilo, obrigatório para todos que trabalham no Enem.

A assessoria de imprensa do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) afirmou que irá apurar o caso para se manifestar sobre o episódio.

Enviada por Ro’otsitsina para lista CEDEFES.

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