Por Fátima Leonel*
Sou negra. Adoro minha cor e não tenho problema de baixa estima nem complexo de inferioridade. Desde criança sei do meu valor e sempre trabalhei e passei por muitas dificuldades.
Não fiz faculdade, mas tenho certificados de cabeleireira, web designer, escrituração fiscal, secretária empresarial. Teria feito direito ou jornalismo, mas não estou disputando cotas, pois tenho que trabalhar e sustentar minha família.
Se tivesse cotas provavelmente eu seria advogada hoje. Mas, sempre fui linda, gostosa e inteligente. Muitas vezes, tive e tenho que disfarçar meu narcisismo, pois eu me amo. Mas, ser negro no Brasil é uma desgraça.
Chega no mês de novembro é a revolta dos brancos, dos pobres, dos ricos e de outros que esperam essa data para falar mal das “cotas”. Olham bem na cara do negro e diz: sou contra as cotas. Falam um monte de coisa sem sentido algum.
Que se dane o que você pensa. Eu não estou perguntando. Você já viu um negro perguntando para um branco se é ou não a favor de cotas? Já que eles não podem xingar os negros eles resolvem atacar as cotas. Negro eu não te curto: você está ocupando meu espaço, está pegando meu emprego, está frequentando meu pedaço e, agora, quer ir para faculdade? (mais…)