Em Fortaleza evento reuniu centenas de pessoas no “Ato Somos Tod@s Guarani-Kaiowá – Ceará”

Pajé Barbosa - Povo Indígena Pitaguary

Por Janete Melo*

Neste sábado, 27 de Outubro, às 10 hrs, foi realizado na Praça dos Leões e Praça do Ferreira, Fortaleza – CE, um lindo ato em defesa das comunidades indígenas ameaçadas constantemente de expulsão de suas terras. Muito importante a participação de diversos movimentos da sociedade civil, comunidades indígenas e de pessoas que não participam de movimentos, mas que se sentiram extremamente sensibilizadas com a grave situação em que se encontram os índios Guaranis e Kaiowás, no Estado do Mato Grosso do Sul.

No Ceará, também ocorrem vários conflitos nas terras dos Tapeba (Caucaia), Jenipapo-Kanindé (Aquiraz), Anacé (Pecém – São Gonçalo do Amarante), Pitaguary (Pacatuba), Tremembé (Itarema e Itapipoca), Tabajara e Calabaça (Poranga) e Tapuia Kariri (São Benedito), de acordo com informações de João Paulo Vieira.

No Mato Grosso do Sul, os Guaranis e Kaiowás, a maior etnia do país, formada por quase 46.000 índios, se encontram em situação mais crítica, mas a comunidade resiste e promete se manter em sua terra sagrada até a morte, caso o estado não intervenha na guerra instalada por produtores de soja e cana.

Em artigo publicado na Revista Época, Eliane Brum, assim traduziu:

São 50 homens, 50 mulheres e 70 crianças. Decidiram ficar e morrer como ato de resistência. Os Guaranis-Kaiowás avisam-nos por carta que, depois de tantas décadas de luta para viver, descobriram que agora só lhes resta morrer. Avisam a todos que morrerão como viveram: coletivamente.

Os Guaranis-Kaiowás estão sendo assassinados a muito tempo, de todas as formas disponíveis, as concretas e as simbólicas. Ao final de seus dois mandatos, Lula reconheceu que deixava o governo com essa dívida junto ao povo Guarani-Kaiowá. Legava a tarefa à sua sucessora, Dilma Rousseff. Os indígenas escreveram, então, uma carta:

“Presidente Dilma, a questão das nossas terras já era para ter sido resolvida há décadas. Mas todos os governos lavaram as mãos e foram deixando a situação se agravar. Por ultimo, o ex-presidente Lula prometeu, se comprometeu, mas não resolveu. Reconheceu que ficou com essa dívida para com nosso povo Guarani-Kaiowá e passou a solução para suas mãos.

E nós não podemos mais esperar. Não nos deixe sofrer e ficar chorando nossos mortos quase todos os dias. Não deixe que nossos filhos continuem enchendo as cadeias ou se suicidem por falta de esperança de futuro (…). Devolvam nossas condições de vida que são nossos tekohá, nossas terras tradicionais. Não estamos pedindo nada demais, apenas os nossos direitos que estão nas leis do Brasil e internacionais”.

“Então é isso o que vocês querem? Nos matar a todos? Então nós decidimos: vamos morrer”.

A Procuradoria Federal da FUNAI e o Ministério Público Federal entraram com ação na 3ª. Turma do TRF solicitando a suspensão da reintegração, que ainda não foi julgada. Até que o julgamento ocorra, a reintegração não tem data prevista para ocorrer.

Mulheres Pitaguary

De acordo com a nota publicada pela Secretaria-Geral da Presidência da República, a FUNAI e a Polícia Federal não foram intimadas a apoiar a reintegração. Ainda de acordo com a nota, após a divulgação da carta os funcionários visitaram a comunidade e constataram que não há ameaças quanto a um possível ato extremado, suicídio, como se chegou a publicar em diversas postagens na internet.

Na última semana, em especial após a publicação do artigo da jornalista Eliane Brum, na Revista Época, uma grande comoção se espalhou pelas redes sociais e gerou uma série de programação com atos de solidariedade à luta dos Guaranis e Kaiowás. A pressão nas redes gerou um grande impacto, muitas pessoas alteraram seus sobrenomes incluindo Guarani Kaiowá. A comunidade publicou uma nota de agradecimento a todos que manifestaram essa atitude em seu apoio.

A onda de protestos e declaração de solidariedade por meio das redes sociais também levou a Secretaria-Geral da Presidência da República a emitir uma nota sobre a situação dos Guaranis e Kaiowás, na região do cone sul no Estado do Mato Grosso do Sul. Leia a notícia na íntegra.

Em Fortaleza o evento reuniu centenas de pessoas no “Ato Somos Tod@s Guarani-Kaiowá – Ceará”. Conforme a historiadora Andréa Saraiva ficou definido que algumas ações devem ser programadas para o Ato Nacional que será realizado simultaneamente em diversas cidades do Brasil, no dia 09 de Novembro de 2012. Confira:

  • Concentração na Praça da Bandeira – 15h;
  • Caminhada pelo Centro e encerramento na Praça do Ferreira;
  • Na caminhada, presença de grupos de percussão;
  • Participação de comunidades indígenas do Ceará.

Somos tod@s Guarani e Kaiowá, Tapeba, Pitaguary, Jenipapo-Kanindé, Anacé, Tremembé, Tabajara, Calabaça, Tapuia-Kariri, Ticuna, Caiagangue, Macuxi, Xavante, Terena, Guajajara, Ianomâmi, Pataxó, Potiguara! Somos Quilombola! Somos Pinheirinho!

#SomosTod@sParentes!!!

*Janete Melo, Pesquisadora das relações Socioeconômicas e Ambientais.

http://oplanetaemmovimentojanetemelo.blogspot.com.br/2012/10/ato-somos-tods-guarani-kaiowa-ceara.html

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.