Caso de racismo em clube na Lagoa é levado para delegacia

A babá Elaine Pacheco diante do clube: barrada mesmo com nome entre convidados Guilherme Leporace / O Globo

Pablo Rebello

Apesar da desistência da vítima de levar o caso à Justiça, o superintendente de Igualdade Social ressaltou que crime é ação pública incondicionada

RIO — A Superintendência de Igualdade Racial do Estado e a Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) registraram na terça-feira uma representação criminal na 15ª DP (Gávea) para investigação de crime de racismo que teria sido cometido pelo Clube dos Caiçaras, na Lagoa, contra a babá Elaine Pacheco. A Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos está envolvida e atuando diretamente no caso.

Apesar da desistência da vítima de levar o caso à Justiça, o superintendente de Igualdade Social Marcelo Dias ressaltou que o crime de racismo é uma ação pública incondicionada e deve ser levada adiante. As entidades ainda pretendem levar o caso para o Ministério Público.

— Existe uma tendência de se tentar desqualificar os casos de racismo, que é crime grave e inafiançável com pena de reclusão de 1 a 3 anos. Muitas vezes as delegacias registram essas ocorrências como injúria qualificada, que é um crime de menor potencial ofensivo. No caso dessa babá, que teve a entrada barrada por ser negra, está bem claro a atitude racista e precisamos coibir esse tipo de comportamento — argumentou Dias.

O caso ocorreu no dia 2 de outubro. Convidada por uma amiga, sócia do Caiçaras, para levar os filhos para brincar no local, Sabina Wasserman avisou que não poderia ir e que, em seu lugar, mandaria a babá. O nome de Elaine foi deixado na portaria do clube, junto dos das crianças. Quando ela chegou ao local, um dos seguranças teria a chamado de lado e perguntado se era babá. Ao responder que sim, teria sido avisada que só poderia entrar se estivesse de uniforme branco. Elaine alegou que seu nome constava na lista de convidados. Mesmo assim, os funcionários do clube impediram sua entrada. O impasse só foi solucionado quando a sócia, Fernanda Lewinson, foi localizada e autorizou a entrada dela sem uniforme.

http://oglobo.globo.com/rio/caso-de-racismo-em-clube-na-lagoa-levado-para-delegacia-6363596

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