Agora vereador, ex-chefe da Rota diz que é a favor da prisão perpétua

O ex-chefe da Rota e agora vereador pelo PSDB, Paulo Telhada Foto: Reprodução

Paulo Telhada (PSDB/SP) afirmou em entrevista à Revista Época que o sistema jurídico brasileiro não pune exemplarmente; eleito com quase 90 mil votos, o vereador cita o modelo prisional estadunidense como exemplar  

José Francisco Netoda Redação

O ex-chefe da Rota e agora vereador pelo PSDB em São Paulo, Paulo Telhada, nem esperou assumir o mandato na Câmara Municipal para revelar algumas de suas ideias. Em entrevista à Revista Época nesta segunda-feira (8), Telhada declarou ser a favor da prisão perpétua, pois para ele seria uma punição eficaz. “Muita gente ia pensar antes de fazer as loucuras”, disse.

Mesmo com o estado de São Paulo abrigando a maior população carcerária do país, cerca de 190 mil presos, 37% do total do Brasil, Telhada não se conforma com as leis prisionais brasileiras. Ele afirma na entrevista que o nosso sistema jurídico não pune exemplarmente. “O cara comete um crime e não paga o crime. Isso incentiva que novas pessoas cometam crimes. Nós precisamos rever o sistema penal.”

Também cita o modelo estadunidense como exemplar. “A gente vê nos filmes o sistema penitenciário americano, a pegada lá é outra. Lá o cara puxa pena, tem prisão perpétua. O criminoso sabe que vai morrer na cadeia. Nós temos que mudar muita coisa.” 

Quando questionado sobre as ameaças feitas ao jornalista André Caramante, da Folha de S.Paulo, Telhada disse que não o conhece. “Não o conheço, nunca falei com ele nem por telefone”. Caramante foi ameaçado após ter feito uma matéria que denunciava as publicações de Telhada no Facebook. Por conta disso, hoje o jornalista vive com sua família fora do Brasil.

Devido à essas publicações que incitam a violência em sua página pessoal, a promotoria eleitoral de São Paulo pediu a impugnação da candidatura do ex-chefe da Rota na quinta-feira (4). Telhada terá que apresentar a defesa sobre sua postura na rede social.

De acordo com o promotor Fabiano Petean, um dos autores da representação contra o ex-chefe da Rota, não há prazo fixado para a decisão judicial, no entanto, se o juiz julgar procedente a denúncia do Ministério Público, Telhada poderá perder o mandato.

Eleito no domingo (7) com quase 90 mil votos, Paulo Telhada foi comandante da Rota (Ronda Ostensiva Tobias Aguiar) de maio de 2009 até novembro de 2011. Em dois anos e meio no cargo, a Rota inflou o número de mortes sob sua responsabilidade em 63,16%, com 114 assassinatos cometidos. Telhada é um conhecido linha-dura que se orgulha em sentenciar “bandidos” com morte (sob seu próprio julgamento) e tem 29 processos judiciais e militares arquivados.

Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.

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