“Pisa ligeiro”: um excelente documento para analisar, dez anos depois, as conquistas e derrotas dos Povos Indígenas

Tania Pacheco – Combate ao Racismo Ambiental

“Pisa ligeiro/ Pisa ligeiro/ Quem não pode com formiga/ não assanha o formigueiro”. A música é cantada durante o que deve ter sido o último trecho filmado do documentário, em maio de 2003. Em Pesqueira, Pernambuco, os Xucuru cantam enquanto homenageiam o Cacique Chicão, na passagem do décimo aniversário de seu assassinato. Nos depoimentos que vão de 1999 a 2003, sendo que a maioria tomada Brasil afora ao longo de 2002, não é a única morte recordada. Ou anunciada.

Ao longo do vídeo, rostos que lembram os índios dos livros de História do Brasil, rostos essencialmente negros, rostos predominantemente andinos falam de derrotas e conquistas. Denunciam que, 15 anos antes, a questão indígena era considerada algo que se resolveria com o tempo, até que todos sumissem. Narram orgulhosos como, em lugar disso, esses 15 anos serviram para que não só crescessem em número, como se tornassem atores políticos no cenário brasileiro. Afirmam, conscientes de seu papel, que ONGs, academias e governos podem estar ao lado deles; jamais falar por eles. Misturam revolta, indignação e esperança em sua falas e atos, na expectativa de que em breve os territórios ainda em litígio estivesse demarcados e garantidos.

Infelizmente sabemos que isso está hoje talvez mais longe de se tornar realidade que em 2002.

Produção do LACED junto à COIAB, APOINME, CIR, CGTT, CIVAJA, FOIRN, CUNPIR e UNI-ACRE, “Pisa ligeiro” teve direção de Bruno Pacheco de Oliveira e roteiro de João Pacheco de Oliveira.  A dica para vê-lo foi compartilhada por Lúcia Carneiro, que merece os agradecimentos de todas as pessoas que não o conheciam. É sem dúvida um documento histórico, rico e amorosamente realizado, fundamental para quem se interessa pela luta dos Povos Indígenas.

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