Grupo da UFMA realiza ações de saúde em aldeia dos últimos índios Canelas do país

Atividade faz parte do projeto de extensão Apoena, que trabalha com indígenas da região Tocantina

IMPERATRIZ – Com o objetivo de trabalhar a educação e a prevenção da saúde nas comunidades indígenas, estudantes e professores do curso de Enfermagem da UFMA, campus de Imperatriz, visitaram, na semana passada, as aldeias Escalvado e Porquinhos, os últimos índios Canelas ainda existentes no País.

Localizadas no interior do Maranhão e com estradas de difícil acesso, as aldeias ficam localizadas a 295 km de Imperatriz, no município de Fernando Falcão, nas proximidades do povoado Leandro. Cerca de 3 mil Canelas, etnia do grupo Timbira, falam as línguas Jê e Português, e sobrevivem, além da contribuição da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), da produção de arroz, feijão, milho e mandioca, para o próprio consumo e para comercialização.

A visita do grupo da UFMA foi realizada pelo projeto de extensão de caráter multidisciplinar, Apoena, formado por colaboradores, professores e estudantes do curso de Enfermagem. De acordo com a coordenadora do curso, Cecilma Miranda, o principal foco das visitas é romper as barreiras estigmatizadas existentes entre os índios e o homem branco, e depois informar sobre os cuidados básicos com a saúde.

Dentre as atividades realizadas nas aldeias, houve palestra sobre as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s), especificamente a AIDS. Os pesquisadores detectaram que muitos índios não tinham conhecimento sobre a doença, tampouco sobre os métodos de prevenção, como o preservativo. “Fizemos palestras também sobre tuberculose, diabetes e métodos de reciclagem. Realizamos ainda testes de nível de glicemia, verminoses, hanseníase, além de oferecer vitamina A para as crianças que ainda não havia tomado. Fizemos aferição da pressão, que por sinal eles têm uma qualidade excelente; assim como visitas domiciliares e distribuição de roupas, sapatos e hipoclorito para o tratamento da água”, enumera a estudante Mariana Zílio, uma das idealizadoras do projeto. O grupo aplicou também questionário para colher dados para produções científicas do projeto.

Para os visitantes, que tiveram um batizado realizado pela tribo, no qual cada família “adotou” os acadêmicos e lhes deu nomes indígenas, a experiência contribuiu também para seu crescimento pessoal, como no caso de Adailton, aluno do 3º período de Enfermagem, natural do povoado Leandro, vizinho da aldeia. “Meu sonho é também cursar Medicina para poder voltar ao lugar onde nasci e ajudar o povo Canelas. O local tem pouquíssima estrutura”, conta.

O cacique Canela Justino, de 50 anos, agradeceu as ações da Universidade na Aldeia e lembra a constante reivindicação do seu povo por um pouco mais de respeito e cuidados para com os indígenas para que eles possam ter uma vida mais digna.

Nos próximos dias 29 e 30 de setembro, o grupo Apoena realizará as atividades de saúde e educação na aldeia de São José, do povo Krikati, no município de Montes Altos, também no estado do Maranhão.

Mais sobre os Canelas

A maior e mais longa pesquisa sobre uma tribo indígena já registrada foi feita pelo antropólogo americano Bill Crocker, de 90 anos, que viveu mais de 50 anos entre os índios Canelas, em Fernando Falcão, no Maranhão. A pesquisa registrou desde os rituais até o comportamento sexual dos índios Canelas.

A reportagem sobre o trabalho do antropólogo foi veiculada no programa Fantástico, da Rede Globo, em 1ª de janeiro de 2012

Confira também uma entrevista feita com o antropólogo por pesquisadora da UFMA em 2009

http://www.ufma.br/noticias/noticias.php?cod=40616

Enviada por Edmilson Pinheiro para GT Combate ao Racismo Ambiental.

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