Delegacia investiga sumiço de pescador na Baía de Guanabara

O desaparecimento de um pescador em Niterói será investigado pela Delegacia de Homicídios (DH) da cidade a partir desta segunda-feira (23). Fernando Antonio Maringe Duarte, de 63 anos, saiu em novembro do ano passado com sua traineira Menino Junior do cais da colônia de pesca de Jurujuba, com destino às Ilhas Cagarras, e nunca mais voltou. O caso levou mais de sete meses para chegar à DH. Na época, foi registrado na 77 DP (Icaraí) e, em seguida, na 76 DP (Centro de Niterói). Mas, além de um boletim sobre o desaparecimento, pouca coisa foi feita pelos policiais desde então.
Entretanto, segundo a DH, o caso pode estar ligado aos assassinatos de outros dois pescadores, no mês passado.

De acordo com a mulher de Fernando Duarte, a professora de História Regina Helena de Souza Carneiro, de 66 anos, e o filho do casal, o estudante de Química da Universidade Federal Fluminense (UFF) Alexandre Gaspar Carneiro Duarte, de 20 anos, o pescador deixou o cais por volta das 14h do dia 28 de novembro de 2011. Dois dias depois, pescadores de Jurujuba encontraram a traineira dele amarrada a uma boia de sinalização na Baía de Guanabara. O barco estava pilhado: o motor e outros acessórios, como reversor, bateria e bomba, foram arrancados. Um remo foi encontrado partido ao meio, mas não havia marcas de sangue. A embarcação, porém, não passou por perícia.

“Ele havia retirado o barco do estaleiro naquela semana. Reformou tudo e pôs motor novo. Como não vimos o corpo, fica sempre aquela interrogação. É muita aflição, muita tristeza”, conta Helena, que agora mora em Copacabana, com uma irmã e o filho.
Polícia vai investigar ligação com homicídios

Novo titular da DH de Niterói, o delegado Wellington Vieira explicou que as investigações estão no início, mas ele acredita na possibilidade de Fernando Duarte ter sido assassinado, já que o pescador está desaparecido há muito tempo. Vieira informou ainda que, hoje, começa a ouvir os depoimentos de parentes e amigos do pescador.

‘O caso chegou este mês para a gente investigar. Então, estamos bem no início. Vou convocar os parentes e os amigos, além de pescadores da região, para tentar identificar linhas de investigação”, afirmou Vieira.

O policial disse também que vai procurar o delegado Rivaldo Barbosa, diretor da Divisão de Homicídios (DH), no Rio, para tentar identificar possíveis conexões com os assassinatos de dois pescadores na Baía de Guanabara. No último dia 24 de junho, o corpo de Almir Nogueira de Amorim foi encontrado junto a seu barco num curral — armadilha de pesca de tradição caiçara —, na APA de Guapimirim. Com mãos e pés amarrados, a vítima morreu afogada. Um dia depois, o corpo de outro pescador, João Luiz Telles Penetra, foi achado boiando nas proximidades da Praia de Luz, em Itaoca, São Gonçalo. Conhecido como Pituca, ele era o principal líder da Associação Homens do Mar da Baía de Guanabara (Ahomar), de Paquetá. Praticava a pesca submarina e morreu afogado, com mãos e pés amarrados.

Segundo pescadores que encontraram a traineira de Fernando Duarte, na embarcação havia uma lanterna e pedaços rasgados de uma rede, além de marcas de mãos feitas com graxa.

“Um pescador recolheu tudo usando sacos plásticos, e levamos o material para a delegacia de Icaraí, para que os policiais tentassem recolher possíveis impressões digitais. Mas as evidências foram ignoradas pelas autoridades”, contou um pescador de Jurujuba, pedindo para não ser identificado.

Numa reportagem publicada no último dia 9 de julho, O GLOBO mostrou que os casos de roubo e assassinatos na Baía estão sendo investigados pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE). Há denúncias ainda de ameaças feitas a pescadores da Associação Homens do Mar da Baía de Guanabara (Ahomar), entidade fundada em 2003.

http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/brasil/2012/07/23/interna_brasil,386764/delegacia-investiga-sumico-de-pescador-na-baia-de-guanabara.shtml

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