Irmãos gêmeos abraçados são agredidos e um morre

Oito desconhecidos atacaram José Leandro e José Leonardo da Silva, de 22 anos, depois de uma festa em Camaçari (BA). Golpes foram tão violentos que um dos rapazes não resistiu 

Salvador – Irmãos gêmeos, José Leandro e José Leonardo da Silva, de 22 anos, voltavam abraçados de uma festa promovida pela Prefeitura de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, na madrugada de domingo, quando foram abordados por oito homens que não conheciam. Eles saltaram de um micro-ônibus quando viram a festa, nas proximidades do Espaço Camaçari, onde eram realizados os shows.

Os irmãos foram ameaçados com facas, espancados e receberam pedradas. Leonardo morreu no local. Leandro sofreu fraturas na face, mas conseguiu ainda, antes de receber atendimento, acionar a polícia. Levado para o Hospital Geral de Camaçari, foi medicado e liberado, mas deve passar por uma cirurgia corretiva.

Os criminosos foram localizados pouco depois das agressões, por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e levados à 18ª Delegacia, responsável pelo caso. Com eles foram encontradas duas facas e pedras. Reconhecidos por Leandro, cinco deles foram presos em flagrante – e confessaram participação no atentado. “Até agora os dados apontam para crime de homofobia”, diz a delegada Maria Tereza Santos Silva.

Os detidos, que não tinham passagem anterior pela polícia, dão versões diferentes para o crime. Um deles contou que houve uma briga na saída do show e que, ao notar que seu irmão havia sumido na confusão, achou que os gêmeos o haviam agredido. Outro disse que, ao ver os irmãos abraçados, imaginou que fosse um homem agredindo uma mulher – e justificou dizendo que tentou defender a suposta vítima.

De acordo com a delegada, após a abordagem feita pelo grupo, Leonardo reagiu e chegou a tomar a faca de um dos agressores. Em seguida, foi atingido por um paralelepípedo, atirado por outro criminoso, caiu no chão e passou a receber pedradas na cabeça, enquanto Leandro era espancado.

Namorada grávida

A namorada de Leonardo, uma adolescente de 15 anos, está grávida de três meses. O corpo do jovem foi enterrado na tarde de terça-feira, em Ibimirim (PE), sua cidade natal. Segundo Maria Tereza, os agressores devem ser indiciados por homicídio qualificado (motivo fútil) e formação de quadrilha.

O Grupo Gay da Bahia (GGB), mais antigo grupo de defesa de homossexuais do país, reagiu ao ocorrido, cobrando a aprovação da lei que torna a homofobia crime. “Enquanto isso não acontecer, muitos casos como esse vão continuar se repetindo”, acredita o presidente da entidade, Marcelo Cerqueira.

Pai e filho já foram vítimas
Em junho do ano passado, um homem teve a orelha mordida e decepada quando abraçava o filho na Exposição Agropecuária Industrial e Comercial (Eapic) de São João da Boa Vista, no interior de São Paulo. A vítima tinha 42 anos e o filho 18 quando foram abordados pelos agressores. O grupo de cerca de 20 pessoas teria perguntado se os dois eram gays. O homem tentou explicar que eles eram pai e filho, mas, pouco depois, levou um soco. A vítima contou que desmaiou com um golpe no queixo. Ao acordar, ouviu as pessoas gritando que ele tinha perdido um pedaço da orelha, arrancado com uma mordida por um dos agressores. O filho sofreu ferimentos leves.

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Enviada por José Carlos.

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