Cúpula dos povos – Brasil indígena, Brasil dos “parentes”

No primeiro dia da Cúpula dos Povos, a tenda que reunia populações indígenas contou com a presença de diversas etnias. Entre as muitas culturas representadas houve o interessante encontro entre povos tradicionais aldeados e outros não-aldeados.

À medida que foram chegando, os indígenas, após se apresentarem, colocaram seus questionamentos e convidaram todos os outros movimentos presentes a mergulhar em sua realidade. Embora distantes de seus territórios, a todo o momento nos faziam lembrar sua condição natural em completa harmonia com a “mãe terra”, conforme eles mesmos costumavam se referir à natureza.

A todo o momento alguns dos índios daquela tenda fizeram da Cúpula dos Povos um ambiente de descontração e solene alegria entoando seus cantos e apresentando suas danças. A maioria delas com movimentos bastante específicos e circulares faziam todos os presentes serem transportados para os rituais escondidos nas matas do Brasil afora, celebrando em coro essas culturas de passado indecifrável.

Em suas falas era interessante perceber a participação democrática entre seus membros: homens, mulheres e jovens; todos têm espaço para se manifestar. Muitas crianças também estavam presentes, uma forma de mostrar que todos estavam ali de corpo e alma, destacando a força dos vínculos familiares, da ancestralidade e do espírito de luta.

No ambiente montado pela organização da Cúpula, um aspecto curioso era a grande quantidade de pessoas; a mistura saudável e ao mesmo tempo distante que aquele imenso encontro de culturas promovia. Apesar de o movimento indígena estar sempre representado nos grandes eventos, ainda é possível notar o estranhamento que a sua presença provoca em boa parte das pessoas que circulavam pelo lugar. Brasileiros e estrangeiros de olhos atentos, curiosos e surpresos com a presença de tantas etnias.

Ao longo das apresentações, como de costume entre as culturas de tamanha tradição, os povos demonstraram um forte senso de identidade. Durante a Cúpula, faziam questão de expor sua cultura material e imaterial: seus artesanatos, suas pinturas, seus adereços, suas diferentes caracterizações tribais e, sobretudo, sua forma natural de se relacionar com o meio ambiente mesmo estando tão distantes de suas aldeias. Na maior parte do tempo, os índios alternavam conversas em português e entoavam canções e mantras em suas línguas originais.

A tenda dos povos tradicionais também contou com a participação de lideranças indígenas de outros países da América do Sul como Equador, Chile e Peru. O movimento indígena tem buscado a unidade de posições, uma vez que as problemáticas que os afetam são parecidas, independentemente do seu local de origem.

Após muitas trocas de experiências, o primeiro dia nessa tenda foi marcado por uma verdadeira tentativa de integração entre culturas tão diferenciadas.

Além de discutir e encaminhar propostas para a solução de problemas como a demarcação das terras, a garantia de consulta prévia antes da definição de grandes projetos, os grupos que vieram até a Cúpula dos Povos têm a expectativa de sensibilizar a mídia e a opinião pública para suas causas.

Maiores informações sobre o Movimento Indígena no Brasil e América Latina:

http://www.coica.org.ec

http://www.apib.org.br

http://cupuladospovos.org.br

http://www.conexaofutura.org.br/mobilizacao/cupula-dos-povos-brasil-indigena-brasil-dos-%E2%80%9Cparentes%E2%80%9D

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