Movimento Indígena de Roraima marca presença na Rio+20

O movimento indígena de Roraima está presente nos eventos da Conferência Rio+20, com uma delegação de 48 representantes de diversas organizações indígenas como CIR, OPIR, OMIR, COPING, APITSM, APYB e Hutukara, além dos parceiros do CIMI, ISA, e Insikiran, entre outros.

Um grupo de 21 indígenas da delegação de Roraima está credenciado para participar da Conferência Rio+20 oficial que se inicia no dia 20 de junho de 2012. A delegação participou das atividades do Acampamento Terra Livre, da Cúpula dos Povos e da Marcha Indígena que foi em frente a sede do BNDES e Petrobrás, além de contribuir com os temas e participação de outros eventos a nível nacional e internacional.

Marcha indígena percorre ruas do Rio de Janeiro na Passeata dos Povos Primeiros

Por Egon Heck

Sol quente e sob o olhar atento do mar, marcharam os primeiros habitantes desta terra, em paz e guerra, à sombra de imensos prédios. Centro do Rio de Janeiro. Pisaram forte os pés nativos expulsos, mas vivos, nesses cinco séculos de invasão. Os povos indígenas deram ao centro do Rio algo que os engravatados, do outro lado não podem dar: múltiplas cores, sons, gritos e palavras de ordem contra o genocídio e a morte decretada, a destruição desenfreada, da natureza, das gentes, da vida. “Dilma, não mate a nossa esperança”, “Chega de enganação, demarquem as nossas terras”, “ Não às hidrelétricas, não ao PAC e à PEC 215…”

Foi de lavar a alma, ver a aquela multidão serpentear entre os prédios e avenidas, para dizer ao Rio e ao mundo que não apenas estão vivos e estão aqui, mas que querem por fim à secular dominação e ajudar a construir um mundo melhor para todos, sem a enganação verde da economia global neoliberal, a falácia da proteção ambiental e do desenvolvimento sustentável do grande capital.

A dignidade desfilou no Rio, do Sambódromo, onde estão hospedados, partiu o grito forte das mulheres, do aterro do Flamengo, partiram os povos raiz, e por fim os ambientalistas mostraram a “marcha ré”, do governo Dilma com relação aos direitos da Mãe Terra, das leis de proteção ambiental.

Foi um dia memorável. Ficará há história e coração de cada um dos indígenas participantes.

A situação mais grave, em termos de violência, assassinatos, fome, desnutrição, dependência, suicídios, é a do Mato Grosso do Sul. E é exatamente a região em que as terras estão sendo assaltadas pelo grande capital, empresas multinacionais como a Bunge, Dreifus, Raizen…estão plantando cana, nas terras Kaiowá Guarani. A denúncia de Oriel, na atividade sobre Direitos à Terra e “Grilagem de terras”. O biodiesel de cana que está movendo uma frota de ônibus aqui no Rio, está sendo movido a sangue indígena, pois é tirado de nossas terras no Mato Grosso do Sul.

O objetivo da passeata, além da dar visibilidade aos povos indígenas presentes na Cúpula dos Povos, no Acampamento Terra Livre, foi de deixar seu protesto contra a imposição e implantação dos grandes projetos que afetam diretamente a vida e sobrevivência dos povos indígenas. Esses projetos são financiados pelo banco BNDES, dinheiro público. Por isso foi feito um cerco ao prédio do banco. Depois de rituais de protesto, o mesmo gesto foi repetido diante do prédio da Petrobras.

A Articulação dos Povos Indígenas no Brasil está coordenando a elaboração de um documento que será entregue aos chefes de Estado reunidos na Rio +20. Também estarão participando das plenárias e Assembleias onde está sendo construído o documento unificado em que ficará definido o posicionamento e as propostas consensuadas na Cúpula dos Povos com relação à grave ameaça à vida no planeta Terra.

Apesar dos povos indígenas estarem enfrentando sérios problemas de infra-estrutura (hospedagem e alimentação) entendem que esse é um momento histórico em que deixarão seu recado ao mundo. Seu grito de guerra e de paz.

Enviada por Paulo Daniel Moraes.

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