Chá com Prosa movimentou o IMS no mês de abril

Mais uma vez os Direitos Humanos foram destaque na atuação do IMS (Instituto Marista de Solidariedade) e do IMAS (Instituto Marista de Assistência Social). Na tarde do dia 24/04, mais de 30 pessoas participaram de mais uma edição do Chá com Prosa: Direitos Humanos em Pauta, desta vez debatendo sobre direitos dos povos indígenas e tradicionais. Os convidados para provocar a “prosa” enriqueceram ainda mais o projeto: Samantha Ro’otsiotsina de Carvalho Juruna, da etnia Xavante, e Zelandes Alberto, da etnia Patamona. Samantha é natural do Mato Grosso e Zelandes de Roraima e ambos são mestrandos de Sustentabilidade Junto a Povos e Terras Indígenas da UnB (Universidade de Brasília). Também contribuiu a antropóloga e professora da UnB, Mônica Nogueira.

A proposta do projeto é aproximar organizações e pessoas que trabalham e se interessam pelos desdobramentos dos Direitos Humanos. Nesta edição, assuntos como saúde, educação, cultura, territórios, sustentabilidade, religião, foram alguns dos que permearam a conversa.

Mônica Nogueira, a esquerda, e Samatha.

Samantha relembrou a história do movimento indígena, que se iniciou na década de 1970 e os direitos adquiridos com a Constituição de 1988. A estudante Xavante trouxe ao debate a discussão da PEC 215 (Proposta de Emenda à Constituição) que retira do Executivo a função de demarcar terras indígenas e passa ao legislativo a função, numa clara manobra da bancada ruralista em se apropriar dessa tarefa e dificultar a emancipação de povos indígenas e comunidades tradicionais. “Que conhecimento técnico, histórico e teórico um politico tem para demarcar uma terra indígena?”, questionou Samantha. Zelandes Alberto explanou que as manobras das elites tradicionais no Congresso são uma clara ameaça aos povos indígenas. “É uma estratégia desarticular nossos povos. Colocam nosso povo como criminoso, culpado por embates com fazendeiros e madeireiros”, afirmou.

Zelandes Alberto

Quanto à cultura, ambos os estudantes, trouxeram aos participantes pontos essenciais da afirmação cultura dos povos indígenas, tanto ligados à língua, quanto à música e arte em geral. “Não há uma política efetiva para as culturas indígenas. Existe apenas o Plano Setorial para as Culturas Indígenas no Ministério da Cultura, mas que precisa ser fortalecido para que ser torne uma política de Estado para valorizar e difundir nossa cultura”, afirmou Samantha. Quanto ao Dia do Índio (19 de abril) todos trouxeram questionamentos do modo que a população em geral vê este dia, tornando a data folclórica e estereotipada.

A antropóloga Mônica Nogueira complementou as discussões durante todo o debate. A experiência acadêmica e profissional dela proporcionaram esclarecimentos e respondeu a diversas dúvidas também apontadas. Quando discutida a questão religiosa de missões dentro de aldeias, Mônica foi categórica: “É importante que não pensemos nos índios como seres que devem viver em redomas de vidro. Não somos nós que devemos decidir por eles, eles têm protagonismo e sabem lidar com as diversas frentes que chegam até eles, tanto é que até hoje resistem às imensas dificuldades que enfrentam”, concluiu.

Shirlei Silva e Milda Moraes, coordenadoras do IMS e IMAS, respectivamente.

Por fim, também foram discutidas as questões ambientais e os saberes tradicionais dos povos indígenas e quilombolas. A construção da usina hidrelétrica de Belo Monte e o impacto aos povos que ali vivem, dentre outras questões. Contribuíram, também, com o debate o Circuito Jovem Marista da Ceilândia, Conselho Nacional de Mulheres Indígenas, ONCB (Organização Nacional dos Cegos do Brasil), Inbrapi, CDI-DF (Comitê para Democratização da Informática do Distrito Federal) e acadêmicos da UnB e outras faculdades. Ao todo, cinco indígenas de cinco etnias diferentes contribuíram para o debate.

http://sites.marista.edu.br/ims/2012/04/26/cha-com-prosa-movimentou-o-ims-no-mes-de-abril/

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