MT – Quatro indígenas Bakairi morrem em abril, e Prefeitura de Paranatinga promete contratar médicos e realizar exames em toda a Aldeia

A notícia abaixo tem por base duas mensagens enviadas por Henyo Barreto, postadas por dois indígenas Bakairi na  lista do Mestrado em Desenvolvimento Sustentável, Povos e Terras Indígenas, no Centro de Desenvolvimento Sustentável-CDS da Universidade de Brasília-UnB. A sugestão de Henyo (plenamente acatada) foi no sentindo de usá-las como forma de dar visibilidade ao que está acontecendo com o Povo Indígena no município de Paranatinga, Mato Grosso. Aí vão elas, editadas com as informações essenciais. Ambas são de ontem, sábado, 28 de abril.

Mensagem de Vítor Peruare: “É com muita tristeza que passo essas informações a respeito do que está acontecendo na Aldeia Pakuera dos Bakairi. Surtos de doenças não identificadas estão deixando meu povo em pânico, e já houve quatro mortes só no mês de abril, coisa que não acontecia desde a epidemia de sarampo nos anos 1950. Os laboratórios ainda não diagnosticaram nada. O povo está em pânico quanto a quem serão os próximos. Houve uma reunião de emergência com a Prefeitura, mas não tenho informações sobre o resultado, por me encontrar já em viagem”.

Resposta de Isabel Taukane (já com informações da reunião): “Realmente a situação é um tanto assustadora e merece uma explicação das instituições responsáveis que atuam diretamente na saúde indígena: SESAI/DSEI-Cuiabá e prefeitura de Paranatinga/MT. Depois das quatro mortes em menos de 30 dia, resolveram:

  • Fazer um diagnóstico da saúde da população  Bakairi (todas as pessoas irão fazer exames, além dos familiares das pessoas mortas, que já estão se submetendo aos procedimentos);
  • Será contratado um médico, que atuará no polo-base, juntamente com um médico estagiário Bakairi.

Vamos ver se a Prefeitura realmente irá cumprir com os prometidos (veículo, casai-Paranatinga etc). A atual Secretária de Saúde do município é a primeira dama e pré-candidata  à Prefeitura”.

Como Isabel, esperamos que o Prefeito e a Secretária de Saúde cumpram essas promessas em caráter de urgência, começando pela imediata contratação dos dois médicos (o titular e o estagiário Bakairi) e por exames detalhados e confiáveis em toda a população da Aldeia Pakuera.

Não sei qual a população da Aldeia, mas seja ela qual for (e com certeza não deve ser grande), quatro mortes “morridas” em menos de 30 dias é algo inadmissível. Tão inadmissível quanto seriam se fossem “mortes matadas”. Por outro lado, o descaso com que é tratada a saúde das populações indígenas, Brasil afora, não deixe de ser uma forma de genocídio. Ou de “morte matada”, se preferirmos.

É urgente que a doença seja identificada, assim como a forma de tratá-la, para que algo como a situação da epidemia de sarampo dos anos 1950 relembrada por Vítor não se repita entre os Bakairi.

Tania Pacheco.

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