MPF denuncia madeireiros que atuavam em assentamento de extrativistas assassinados

Madeireiras Tedesco, Eunápolis e Bom Futuro foram denunciadas pela exploração ilegal dos recursos ambientais

Sul 21 

Quase um ano depois do assassinato dos extrativistas Zé Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, três madeireiras do Pará (PA) podem ser réus em processo de crimes ambientais ocorridos no assentamento Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna. O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu denúncia à Justiça Federal em Marabá contra as madeireiras Tedesco, Eunápolis e Bom Futuro pela exploração ilegal dos recursos ambientais. Também foram denunciadas seis pessoas, entre assentados que favoreciam o madeiramento ilegal e os proprietários e administradores das empresas citadas.

As investigações começaram em 2008, após denúncias do casal e outras pessoas, tendo sido encerradas no final do ano passado, quando a Polícia Federal concluiu as investigações. Nesse meio tempo, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) fez quatro operações de fiscalização no assentamento a pedido do MPF em Marabá e flagrou o comércio ilegal de madeira, principalmente castanheiras, árvore ameaçada de extinção com derrubada proibida por lei federal. Os acusados podem ser condenados a até quatro anos de prisão pelos crimes.

“Verifica-se que as empresas e seus respectivos administradores à época, bem como alguns colonos do projeto de assentamento em questão, promoviam atividades ilegais e lesivas ao meio ambiente”, resume a denúncia assinada pelo procurador da República Tiago Rabelo.

A empresa Tedesco Madeiras foi autuada 16 vezes e por fim interditada em 2009 pelo Ibama por depósito, transporte e comercialização irregular de madeira. A Madeireira Eunápolis e a Bom Futuro também foram autuadas e os proprietários, Aguilar Tedesco, Aguimar Tedesco e Marlos Tedesco (pai, filho e sobrinho) podem se tornar agora réus no processo de crime ambiental.

Os assentados Antônio Souza, Edimundo dos Santos Neres e Francisco Genuário Silva também foram denunciados por terem serrado e vendido madeira para empresas. “A extração de madeira do assentamento era incentivada, portanto, pelo interesse econômico dos madeireiros ora denunciados, que, atuando naquela região, exploravam economicamente o produto florestal do PA Praia Alta”, diz a denúncia do MPF.

Laisa continua sofrendo ameaças

A irmã de Maria do Espírito Santo, Laisa Sampaio, que foi premiada na Organização das Nações Unidas (ONU), continua sofrendo ameaças na região. O MPF já pediu proteção a ela para as autoridades estaduais e federais. O processo tramitará na 2ª Vara Federal de Marabá e ainda não possui numeração (a denúncia foi protocolada no último dia 09).

http://www.brasildefato.com.br/node/9329

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