Um Cavalo de Pau, por Roberto Malvezzi (Gogó)

É nisso que a elite mundial aposta, isto é, o povo pode quebrar, mas a elite continuará de pé. Será?

“Numa luta de gregos e troianos, por Helena, a mulher de Menelau, conta a história que um cavalo de pau terminava uma guerra de dez anos. Menelau, o maior dos espartanos, venceu Páris, o grande sedutor, humilhando a família de Heitor, em defesa da honra caprichosa” (Zé Ramalho e Otacílio Batista).

O cavalo de pau que a União Europeia enfiou na garganta dos gregos fez Heitor e Páris ressurgirem do túmulo da história e rirem pelas penumbras da Terra.

É a vingança troiana contra seus carrascos gregos, agora pelas mãos do capital. Até Zeus se espantou da crueldade, com o rebaixamento dos salários em 20%, o corte das aposentadorias no mesmo patamar, além de outras medidas draconianas para aplacar a fúria dos deuses do capital.

O primeiro ministro grego decretou que a escolha é essa: ou o sacrifício, ou o abismo. Qual será mesmo a diferença entre um e outro?

O medo de gregos e troianos, alemães, franceses e americanos, é que a Grécia dê um monumental calote na União Européia e, pior, sobreviva. O medo não é da bancarrota, mas que o não pagamento se espalhe pelo mundo, começando pela própria Europa, particularmente Espanha, Portugal e outros países de economias menores.

Dizem que a Islândia optou pela bancarrota dos banqueiros, inclusive condenando-os por crimes contra o povo, e se saiu muito bem. Tanto é que o assunto teria se tornado tabu na grande mídia mundial.

O aprofundamento da crise civilizacional se dá em todas as frentes, inclusive nessa economia calculada em dígitos, mas sem um fundamento de riqueza real como lastro.

No crash de 1929 a miséria bateu no povo americano. Um filme de Spielberg narra o drama vivido por milhões de pais de famílias, crianças sem rumo, perdidos no desemprego e na miséria durante a quebradeira da economia capitalista. Mas, não foi todo o povo que entrou em desgraça. A elite sobreviveu muito bem mesmo em meio à ruína da maioria dos cidadãos.

É nisso que a elite mundial aposta, isto é, o povo pode quebrar, mas a elite continuará de pé.

Será?

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