Usina de Belo Monte é invadida por cineastas

Onda de documentários sobre a região atrai produtoras independentes e universitários

Gustavo Fioratti

Se depender do cinema documental, o debate sobre a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte não vai esfriar em 2012; a começar por um extenso projeto da produtora LC Barreto, a “TV Belo Monte”, uma série de filmes sobre o empreendimento, feitos especialmente para a internet.

O projeto é custeado pela Norte Energia, empresa responsável pela construção da usina. Parte dos filmes já está no ar, no site www.tvbelomonte.com.br.

O lançamento pega embalo na onda de documentários realizados sobre a usina. Mas com uma diferença: a TV Belo Monte parece um pouco mais empenhada em apontar pontos positivos no empreendimento.

A contratação da LC Barreto, a mesma produtora que produziu o filme “Lula, o Filho do Brasil”, foi feita sem concorrência ou licitação – o que não é ilegal, uma vez que a Norte Energia é formada por um consórcio de empresas públicas e privadas. A Eletrobras, que é pública, tem 49,98% das ações. 

O contrato, segundo o produtor Daniel Tendler, um dos responsáveis pelo projeto da TV Belo Monte, deve ser renovado anualmente, até a conclusão das obras da usina. Tendler afirma que a Norte Energia não exige que os filmes funcionem como peças institucionais. “Não é para ser a favor ou contra Belo Monte”, diz. No entanto, os entrevistados parecem escolhidos a dedo.

Um deles é José Moreira, 60, pequeno agricultor que terá de deixar sua propriedade em Vitória do Xingu (PA). “Quero é que esses homens me botem para ir embora.” Ao evitar alguns dos conflitos gerados com a instalação da usina, o projeto vai na contramão de um movimento criado por documentaristas do mundo inteiro.

Altamira, uma das principais cidades da região à beira do rio Xingu, no Pará, sofre uma invasão de cineastas. O diretor americano James Cameron foi um dos primeiros a documentar o conflito na região, para extras do filme “Avatar”.

Hoje, a ONG Xingu Vivo, que tem sede em Altamira, fala em ao menos 15 solicitações de entrevistas para documentários, feitas por equipes de universitários, produtoras independentes nacionais e internacionais. “Muitos documentaristas estão filmando com recursos próprios”, atesta Marcelo Salazar, coordenador do programa Xingu/Terra do Meio, do Instituto Socioambiental.

“Vai ser bom comparar os documentários com a TV Belo Monte, para perceber o discurso ideológico por trás do empreendimento”, diz André D’Élia, diretor do documentário “Belo Monte – Anúncio de uma Guerra”, que ainda não tem previsão de estreia.

D’Élia aponta ainda um fenômeno resultante da veiculação de vídeos na internet – seu projeto foi custeado com R$ 140 mil depositados por internautas. Trechos de seu filme lançados no YouTube e no Vimeo, por exemplo, já ganharam versões e edições que ele não reconhece como suas.

“Mas tudo isso é interessante para alimentar o debate. É um assunto que precisa ser discutido por todos”, diz.

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Enviada por Ricardo Verdum.

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