Moatize: Comunidades reassentadas pela Vale Moçambique impedem a saída de Comboio para a Beira

Jeremias Vunjanhe*

Mais de 700 famílias reassentadas pela Vale Moçambique no Bairro de Cateme, Distrito de Moatize estão em protesto desde a madrugada de hoje, 10 de Janeiro de 2011. As famílias reivindicam contra as precárias condições de vida a que estão sujeitas desde finais de 2009. As dificuldades de acesso à água, terra e energia, as terras impróprias para a agricultura, o incumprimento de promessas de indemnização, a infiltração da água das chuvas nas casas construídas pela Vale constituem alguns pontos de demandas dos manifestantes.

“Conforme as promessas da empresa Vale, muitos dos pontos a empresa não cumpriu desde 2009, altura em que fomos reassentados” disse um popular reassentado falando a partir da Vila Sede de Moatze. De acordo com fontes contactadas telefonicamente pela Justiça Ambiental a partir de Cateme na tarde de hoje, as manifestações das comunidades reassentadas de Cateme expressam o contínuo ambiente de tensão social e descontentamento generalizado da população, que se vive naquele Bairro nos últimos seis meses, e a incapacidade do Governo em resolver as suas preocupações.

Na primeira quinzena de Dezembro de 2011 a população agora revoltada enviou um documento queixa ao Governo do Distrito de Moatize, ao Comité Distrital do partido Frelimo e à Vale Moçambique solicitando a rápida intervenção das autoridades competentes na solução dos problemas enfrentados pelas comunidades reassentadas. “Em Dezembro enviamos uma carta às autoridades de Moatize avisando de que a população iria se manifestar caso medidas urgentes não fossem tomadas até ao dia 10 de Janeiro corrente” disse um reassentado num contacto telefónico. No documento de Dezembro a população de Cateme prometia incendiar o comboio de carga  e transporte de carvão da Vale caso o Governo não agisse para parar com as irregularidades da empresa. A verdade é que esta manhã o comboio teve que recuar e já não fez o trajecto que devia ter feito devido às manifestações junto da linha férrea.

Até ao momento, as autoridades governamentais ainda não se pronunciaram oficialmente. Num contacto telefónico a meio desta tarde, um Comandante Distrital de Moatize, falando a partir de Cateme, confirmou a realização de manifestações e declinou-se a prestar mais detalhes sobre oassunto. Na ocasião disse apenas que” há uma grande agitação e estamos a trabalhar. No momento oportuno iremos convocar a imprensa para mais esclarecimentos”.

Entretanto, jornalistas de diversos órgãos sediados em Tete contactos pela Justiça Ambiental disseram que há relatos de que uma brigada da Força Intervenção Rápida FIR estava a espancar os manifestantes. A FIR é uma unidade da Polícia da República de Moçambique conhecida no País por repressões violentas e uso excessivo de força contra civis desprotegidos.

O Administrador de Moatize e uma Brigada da polícia chefiada pelo Comandante distrital destacada para Cateme encontram-se no local até ao momento. A Vale sempre recorre à PRM e FIR para reprimir greves dos trabalhadores e manifestações populares que reclamam por melhores condições de trabalho e de habitação no reassentamento e cumprimento de promessas feitas pela Vale.

*Jeremias Vunjanhe é Jornalista e Coordenador da Área de Media da Justiça Ambiental e da ADECRU (Acção Académica para o Desenvolvimento das Comunidades Rurais)
Cel:(+258) 823911238
E-mail:[email protected][email protected][email protected].

Enviada por Lucia Ortiz para a lista Articulação Mineração e Siderurgia.

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